Foto de Miguel Bruna/Unsplash. Por Joaquín Fortanet - no Esquerda.net Sentimos o mal-estar de mil modos diferentes, não fazemos o suficiente, não temos tempo, intuimos que nunca seremos os melhores, afundamo-nos, colapsamos, sentimo-nos sujeitos radicalmente vulneráveis, esgotados, doentes, inadequados, como se os contornos das nossas mentes e corpos fossem plásticos, moldáveis por uma realidade inapelável que marca sempre o ritmo acelerado do que é, do que somos, do que deveríamos ser. Até que essa dureza nos rompe e que tudo se torna líquido como se nos tivessem instalado na necessidade imanente de continuar, de nunca parar, de não chegar e, face a esta interpelação, a nossa resposta escapa-se, transbordados face à tarefa impossível. Incapazes já de formular nada que não seja silêncio e detenção. Owen Jones, no seu livro Chavs , perguntava-se pelo sentido e alcance do que chamava a “diabolização da classe operária”, ou seja, o processo através do qual se começou a desprestigiar a