Fernando Brito: Uma foto que não era para capa
Por Fernando Brito - no Tijolaço - A foto de capa da Folha de S. Paulo , que mostra um Lula alvejado à altura do coração pode ter lá seus “méritos” como domínio da técnica fotográfica, a da dupla exposição, embora o recurso esteja hoje disponível no menu de muitas das câmeras digitais modernas. Como não corresponde a uma angulação, efeito de luz, traço de movimento de uma cena real, mas da sobreposição de duas imagens distintas, registradas em posição e momentos diferentes é, ainda que feita no mesmo “negativo”, a uma fotomontagem. Diferente de uma ilustração ou charge, o realismo da montagem é seu diferencial, porque ele passa a ter a carga de retrato e não de metáfora. É, evidente, uma manipulação e, talvez por isso, tenha sido recebida pela Folha com o privilégio de ir para a capa, por traduzir visualmente aquilo que é, afinal, o que passa pela cabeça do jornal: colocar Lula como alvo, o que vem, há tempos, sendo o principal traço de sua linha...