Diabetes mata uma pessoa a cada cinco segundos
Insulina – Por Reza babaeian, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=30135215
No ano em se celebram os 100 anos da descoberta da insulina, a doença foi responsável pela morte de cerca de 6,7 milhões de pessoas no mundo. "Não podemos continuar a assistir a uma ganância da indústria farmacêutica", alerta o presidente da APDP.
"A insulina foi dada aos laboratórios, por quem a descobriu, pela quantia simbólica de um dólar pela patente, porque era um bem da humanidade", afirma José Manuel Boavida, presidente da APDP - Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, em declarações ao “Diário de Notícias”. O presidente da associação critica: "não podemos continuar a assistir a uma ganância da indústria farmacêutica, especialmente em África, onde as insulinas são completamente inacessíveis, e vendidas sem condições".
Este ano realizou-se o Congresso Virtual IDF 2021, que terminou no passado sábado e teve como tema principal as complicações da diabetes e o impacto da covid-19. José Manuel Boavida salienta a importância da descoberta da insulina há 100 anos e critica as desigualdades na sua distribuição e comercialização, sobretudo nalgumas partes do mundo, nomeadamente em África.
A nível mundial, a diabetes afeta cerca de 537 milhões de pessoas, um em cada dez adultos vive com diabetes, que mata uma pessoa a cada cinco segundos.
Complicações da diabetes
Ao DN, José Manuel Boavida refere que a diabetes é avaliada em três eixos, de acordo com as implicações. Nas doenças cardiovasculares, “a diabetes aumenta três a quatro vezes o risco de doença”.
Em relação à visão e aos rins, segundo eixo, tem havido avanços significativos. "As injeções dentro do olho permitem diminuir a evolução para a cegueira, embora a diabetes seja ainda a principal causa de cegueira em pessoas adultas", sublinha. Em relação aos rins, a diabetes é a principal causa de insuficiência renal, "quase 40% das pessoas fazem hemodiálise por causa da diabetes, e a perspetiva é que este número vai finalmente começar a baixar e vamos assistir a uma inversão da tendência", assinala o médico endocrinocogista.
Em relação a um terceiro eixo (neuropatia e problema do pé diabético), nos últimos dois anos, em Portugal, aumentou o número de amputações e representa um dos piores resultados a nível europeu.
Diabetes e covid-19
O impacto do vírus na diabetes foi incluído no Congresso Virtual IDF 2021 como um quarto eixo. José Manuel Boavida explica que este tema “foi abordado de dois pontos de vista: do aumento possível de pessoas com diabetes pelas condições que a pandemia criou - de isolamento e de mais sedentarismo -, mas também das pessoas que se infetaram com covid e em que a inflamação global do organismo levou ao aparecimento de diabetes". José Manuel Boavida acrescenta que "hoje coloca-se a hipótese de o vírus poder atacar o pâncreas e diminuir a produção de insulina".
Segundo o presidente da APDP, 30% a 40% das pessoas internadas têm diabetes, sublinhando que os números “demonstram o impacto da diabetes e ... justificam muita da ação que a APDP teve junto do Governo e das autoridades de saúde, colocando sempre a necessidade de uma atenção especial às pessoas com diabetes".
José Manuel Boavida destaca, por fim, o aumento da sensibilização e a importância da prevenção, tanto mais que Portugal é um dos países da Europa com maior incidência da doença. "Temos sempre de ter em conta a prevenção da diabetes, depois a prevenção das suas complicações e a prevenção das incapacidades das complicações da diabetes", frisa o presidante da APDP, que recomenda a aposta numa alimentação equilibrada e em atividade física regular.
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