A segunda morte e a eterna vida de Neruda
O cidadão Ricardo Eliecer Nefataí Reyes Basoalto (seu nome de batismo) morreu em circunstâncias suspeitas em 1973. Pablo Neruda, este, é eterno. Homenageá-lo, neste quadragésimo ano de sua morte, é também homenagear a eterna sombra do que com ele caíram – sem se vergar – perante a ditadura de Pinochet. Flávio Aguiar A morte de Pablo Neruda, dias após o golpe que derrubou o governo da Unidade Popular no Chile, e levou o Presidente Salvador Allende ao suicídio, depois de heróica resistência, está sob suspeição. Neruda estava doente, com câncer. Alguns dias depois do golpe, foi levado para um hospital de Santiago, onde faleceu. Há dúvidas que apontam para a possibilidade de que tenha sido envenenado. Seus restos mortais foram exumados na sua casa em Isla Negra, e foram colhidas amostras para exame. Se confirmado o assassinato, será sua segunda morte, e mais um testemunho de sua eterna vida. Neruda hoje é uma unanimidade no Chile. Mas nem sempre foi assim.