A tragédia da política: quando tanto faz isso ou aquilo
O desinteresse da juventude inglesa pela vida política adverte para os riscos de algo semelhante ocorrer por aqui: uma deriva no caminho do conservadorismo. por: Saul Leblon - na Carta Maior A vitória sólida e inesperada do conservadorismo inglês nas eleições gerais desta 5ª feira, desmente a ilusão de que as condições econômicas falam por si, gerando a luz necessária ao esclarecimento da sociedade. A economia da Inglaterra cresceu 2,8% no ano passado, é verdade, cravando a taxa mais vistosa do G7. O desemprego diminuiu para 5,8% ao final do mandato do agora reeleito David Cameron, um engomado membro da elite, casado com a herdeira de uma aristocrática família de linhagem latifundiária. Os números mais vistosos do PIB e do mercado de trabalho ajudam a entender, em parte, que os eleitores tenham decido dobrar a aposta inercial nesse camafeu do conservadorismo. Mas havia também fortes razões em sentido contrário para afrontá-la.