Créditos da foto: Night Fog, de Valerio Zaccone (Reprodução/bit.ly/3x9J7Y0) Por Boaventura de Sousa Santos - Na Carta Maior - 01/07/2021 Este é o terceiro mini-ensaio sobre a luz e a sombra, a claridade e a escuridão. Nele procuro analisar o modo como a claridade e a escuridão não só afetam as relações sociais e com a natureza como as criam. Numa perspectiva sociológica, são fenômenos naturais-sociais de enorme ductilidade ou ambiguidade, o que lhes permite ter valências múltiplas e contraditórias com o poder social, político e cultural. A claridade e a escuridão e todos os graus intermédios de luminosidade condicionam o modo como vivemos, como nos movemos, como nos comunicamos, como avaliamos o que está perante nós, como criamos obras de arte, sejam elas pintura, poesia, romance, cinema, teatro ou música. Basta recordar o filme noir com os seus contrastes chiaroscuro, sob influência do expressionismo alemão, ou o novo gênero musical, surgido no século XVIII, o nottur