“Quando o retrato de Dorian Gray tornou-se público, entronizado no centro do país, as esperanças se dissiparam, não havia mais contradição a ser superada.” Por Nocaute em 06 de agosto Renato Ortiz (*), especial para o Nocaute. . No centro da sala, fixado em um cavalete de pé, estava o retrato de um país jovem e extraordinário, mas sua beleza vinha manchada pela feiura e a podridão dos acontecimentos, os olhos tinham uma expressão cruel e repugnante. Uma fina coberta de linho encobria sua alma deformada, as pústulas espalhadas no rosto enrugado e cínico. O retrato não devia ser exibido em público, a deformidade à vista exigia o seu ocultamento, ele jazia naquela sala vazia dos porões do congresso nacional retirado do olhar curioso dos passantes.