O Estado em três tempos: opressor, indiferente e cuidadoso
Os 25 anos da descoberta das ossadas de Perus, em São Paulo, numa das mais simbólicas heranças do período de governo militar, mostram diferentes faces do poder público por Vitor Nuzzi - na RBA DANILO RAMOS / RBA Especialistas trabalham na análise e catalogação das ossadas de Perus. De 112 caixas abertas em 2014, 26 tinham ossos misturados Em setembro de 1990, a abertura de uma vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, na zona noroeste de São Paulo, revelou a existência de 1.049 ossadas. Ali haviam sido enterrados indigentes, vítimas de esquadrões da morte, crianças mortas por meningite – e presos políticos. Quem acompanha o caso acredita que esses restos mortais encontrados no bairro de Perus podem ser de pelo menos 40 desaparecidos durante a ditadura. Nesse um quarto de século, que coincidiu com a volta da democracia, as ossadas foram levadas para lá e para cá e expostas às piores condições, evidenciando descaso do poder público com a importância histórica e políti