O que está por trás da campanha clandestina de desinformação do Pentágono contra vacina chinesa?

 

2024-06-21 10:12:59丨portuguese.xinhuanet.com

Funcionário carrega uma carga com vacinas Sinovac na cidade de Pasay, nas Filipinas, em 24 de outubro de 2021. (Rouelle Umali/Xinhua)

As jogadas sujas dos Estados Unidos têm um custo para as Filipinas. A vacinação é de grande importância para a saúde de milhões de filipinos e a Reuters informou que a dificuldade em vacinar a população contribuiu para a pior taxa de mortalidade da região.

Beijing, 19 jun (Xinhua) -- No auge da pandemia da COVID-19, parece que os Estados Unidos estavam mais concentrados em lançar um programa clandestino para desacreditar as vacinas chinesas e outros suprimentos médicos que salvam vidas do que em ajudar o mundo a combater o vírus mortal.

Uma investigação recente da Reuters descobriu que os militares dos EUA lançaram uma campanha secreta de desinformação para desacreditar as vacinas chinesas nas Filipinas, um país gravemente atingido pela COVID-19.

A revelação provocou uma condenação generalizada do esquema dos EUA por parte de especialistas em saúde pública. Até mesmo ex-funcionários da inteligência dos EUA condenaram a campanha de desinformação.

O que o Pentágono fez "passa dos limites", disse Greg Treverton, ex-presidente do Conselho Nacional de Inteligência dos EUA.

 

"ARRASTAR A CHINA PELA LAMA"

A vacina chinesa Sinovac, o único tipo disponível nas Filipinas durante o auge da pandemia da COVID-19, foi repetidamente difamada no programa do Pentágono.

A Reuters informou que identificou pelo menos 300 contas no X, anteriormente Twitter, que correspondiam às descrições compartilhadas por ex-oficiais militares dos EUA familiarizados com a operação nas Filipinas.

Quase todas foram criadas no verão de 2020 e centradas no slogan #Chinaangvirus, que significa que "China é o vírus" em tagalo, um dos principais idiomas das Filipinas.

"Não estávamos olhando para isso do ponto de vista da saúde pública", disse um oficial militar sênior envolvido no programa, citado pela Reuters. "Estávamos pensando em como poderíamos arrastar a China pela lama".

Devido à campanha de desinformação, as taxas de vacinação nas Filipinas permaneceram extremamente baixas. Em junho de 2021, o então presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, fez um apelo na televisão para que o público fosse vacinado.

Naquela época, apenas cerca de 2,1 milhões dos 114 milhões de habitantes do país estavam totalmente vacinados, muito abaixo da meta de 70 milhões para aquele ano.

"Mais de 60.000 filipinos morreram, e muitos deles teriam sobrevivido se não fosse pela campanha de desinformação contra a vacina Sinovac", disse o ex-porta-voz da presidência das Filipinas, Harry Roque, em sua conta de rede social.

Cho-Chiong Tan, médico e professor associado do Instituto de Medicina da Universidade do Extermo Oriente, disse que a reportagem da Reuters "chocou todas as Filipinas".

"A ação maligna dos Estados Unidos prejudicou seriamente a saúde do povo filipino e dificultou os esforços das Filipinas para lutar contra a COVID-19", disse Tan, acrescentando que a desconfiança e o pânico sobre a segurança da vacina fizeram com que algumas pessoas desistissem da vacinação, aumentando o risco de contrair o vírus.

"As práticas dos Estados Unidos não apenas prejudicaram os interesses do povo filipino, mas também colocaram em risco a saúde pública global e o bem-estar de toda a humanidade", acrescentou.

"Não acho que isso seja defensável. Estou extremamente desanimado, decepcionado e desiludido ao saber que o governo dos EUA faria isso", disse Daniel Lucey, especialista em doenças infecciosas da Escola Geisel de Medicina de Dartmouth.

 

VACINA SEGURA E CONFIÁVEL

A China ganhou reconhecimento global por sua luta contra a pandemia ao fornecer vacinas Sinovac e outros bens públicos para o mundo.

Estudos comprovaram a imunogenicidade e a segurança das vacinas Sinovac, disse a porta-voz da Sinovac, Yuan Youwei, acrescentando que a vacina contra a COVID-19 foi autorizada para uso em mais de 60 países, regiões e organizações internacionais.

A vacina Sinovac é segura e eficaz na prevenção de doenças graves e morte por COVID-19, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) à Xinhua em uma declaração por escrito.

"A desinformação, ou a manipulação de informações com a intenção de enganar e causar danos, é uma grande ameaça à saúde atualmente", alertou o órgão de saúde com sede em Genebra.

Ramy Pulayd, um filipino de 29 anos, disse que recebeu duas doses da vacina chinesa Sinovac COVID-19 durante esse período difícil.

Quando o vírus causou uma perturbação generalizada nas Filipinas, "a China veio e nos deu uma mão", disse ele, acrescentando que seu irmão e sua irmã também foram vacinados.

"Confiamos na China e suas vacinas são confiáveis", disse Pulayd.

De fato, muitos países, especialmente os em desenvolvimento, receberam bem as vacinas chinesas durante a pandemia. O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, aguardou pessoalmente a entrega das doses de vacina no aeroporto de Belgrado, expressando sua gratidão à China.

Enquanto isso, os Estados Unidos não ajudaram os países em desenvolvimento quando eles precisavam urgentemente de vacinas.

"Não fizemos um bom trabalho ao compartilhar vacinas com os parceiros", disse um oficial militar sênior dos EUA diretamente envolvido na campanha, segundo a Reuters. "Então, o que nos restou foi falar mal da China."

Foto tirada em 22 de maio de 2024 mostra a Casa Branca em Washington, D.C., nos Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)

 

MOTIVOS GEOPOLÍTICOS DE WASHINGTON EXPOSTOS

Muitos especialistas apontaram que os Estados Unidos tentam manter sua hegemonia e impedir o desenvolvimento da China com narrativas falsas, manipulação da opinião pública e inúmeras mentiras. Sua campanha para desacreditar as vacinas da China não se baseou em evidências científicas, mas sim em motivos geopolíticos e ganhos estratégicos.

Anna Malindog-Uy, vice-presidente do instituto de estudos estratégicos Asian Century Philippines Strategic Studies Institute, com sede em Manila, disse à Xinhua que "a operação secreta de Washington que está minando os esforços de Beijing para ajudar as Filipinas e o povo filipino no combate à pandemia de COVID-19 levanta preocupações e questões éticas e estratégicas significativas".

"Desacreditar vacinas com base em motivos geopolíticos em vez de evidências científicas prejudica o esforço coletivo necessário para combater uma pandemia", disse a especialista.

A propaganda clandestina anti-China revela "uma disposição e ações deliberadas por parte dos Estados Unidos para manipular a opinião pública e as relações internacionais para obter ganhos estratégicos e geopolíticos", disse Malindog-Uy, acrescentando que os Estados Unidos também espalharam desinformação para difamar a China em outros campos, como o Mar do Sul da China, para semear a discórdia entre a China e outros países.

"Essa é, de fato, uma manifestação da fixação dos EUA na hegemonia global", disse ela.

De fato, a campanha de desinformação não é a primeira vez que o Tio Sam recorre a truques sujos. A Reuters informou em março que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou a Agência Central de Inteligência em 2019 a lançar uma campanha clandestina nas redes sociais chinesas com o objetivo de virar a opinião pública na China contra seu governo.

O governo dos EUA é o maior propagador de desinformação, disse o senador republicano dos EUA Rand Paul.

As jogadas sujas dos Estados Unidos têm um custo para as Filipinas. A vacinação é de grande importância para a saúde de milhões de filipinos e a Reuters informou que a dificuldade de vacinar a população contribuiu para a pior taxa de mortalidade da região.

Em prol de seus ganhos egoístas, Washington nunca hesita em sacrificar um aliado. Como o historiador britânico-americano Bernard Lewis apontou em seu livro "Notas sobre um século: reflexões de um historiador do Oriente Médio", o verdadeiro problema de ter os americanos como aliados é que nunca se sabe quando eles se voltarão e o apunhalarão pelas costas.

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