Ofensiva do bloco americano está disfarçado de “defesa comum”
Foto tirada no dia 9 de outubro de 2023 mostra Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)- -
Os Estados Unidos afirmam proteger seus aliados ao abrigo de tratados de defesa mútua, mas na realidade, os tratados são uma ferramenta para subordiná-los à superpotência e empurrá-los para a linha da frente dos conflitos.
Beijing, 13 mai (Xinhua) -- As Filipinas intensificaram recentemente as ações provocativas no Mar da China Meridional. A milhares de quilômetros de distância, os Estados Unidos ameaçaram usar o tratado de defesa mútua EUA-Filipinas contra a China, violando gravemente os princípios da Carta das Nações Unidas e colocando em risco a paz e a estabilidade regionais.
Em uma tentativa de proteger sua hegemonia, os Estados Unidos estão formando blocos a nível mundial para atingir países específicos, provocar confrontos e desestabilizar o mundo. Afirmam proteger seus aliados ao abrigo de tratados de defesa mútua, mas na realidade, os tratados são uma ferramenta para subordiná-los à superpotência e empurrá-los para a linha da frente dos conflitos.
TRATADOS DE “DEFESA” QUE VISAM OFENSIVAS
Em março, o comandante do Comando Indo-Pacífico dos EUA, John Aquilino, afirmou que as Filipinas poderiam ativar o Artigo V do Tratado de Defesa Mútua EUA-Filipinas, ou seja, a cláusula de defesa coletiva, se algum marinheiro ou soldado filipino morrer em possíveis conflitos no Mar da China Meridional. O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou recentemente que ataques contra aeronaves, navios ou forças armadas filipinas nas águas do Mar da China Meridional desencadeará o Tratado de Defesa Mútua EUA-Filipinas.
Os Estados Unidos repetiram a mesma tática na questão das Ilhas Diaoyu, trazendo o pedaço do território da China para a área de defesa da aliança EUA-Japão. Em 10 de abril, após conversas com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, Biden disse que os Estados Unidos sempre ficaram firmes nos seus compromissos de defesa com o Japão com base no Tratado de Cooperação Mútua e Segurança, que também é válido para as Ilhas Diaoyu.
Presidente dos EUA, Joe Biden (à direita), e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, participam de coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 10 de abril de 2024. (Xinhua/Liu Jie)
Embora a aliança militar dos EUA com as Filipinas e o Japão seja categorizada como “defesa”, tem características ofensivas óbvias. Durante a visita de Kishida aos Estados Unidos, os dois lados fizeram a maior atualização do tratado de segurança EUA-Japão em mais de 60 anos, com os Estados Unidos apoiando os esforços do Japão para fortalecer suas capacidades ofensivas e melhorar as relações entre os dois lados militares.
No ano passado, as Filipinas abriram mais quatro bases militares para os Estados Unidos, perto da região chinesa de Taiwan e do Mar da China Meridional. Em abril, os Estados Unidos implantaram o sistema de mísseis de capacidade média “Typhon” em Luzon, nas Filipinas, com um alcance que pode atingir a costa da China e o Mar da China Meridional.
Os líderes dos três países também fizeram uma reunião trilateral em Washington no dia 11 de abril. Em um comunicado, eles atacaram as ações legítimas da China sobre o Mar da China Meridional e em torno das Ilhas Diaoyu e alegaram que os três países fortaleceriam a cooperação ao “apoiar uma economia livre e aberta na região Indo-Pacífico”.
Sobre isso, Anna Malindog-Uy, vice-presidente para assuntos externos do Instituto de Estudos Estratégicos das Filipinas do Século Asiático, escreveu recentemente no jornal diário filipino Manila Times: “Esta recém-formada tríade militar e de defesa dos EUA, Japão e Filipinas é outra abordagem agressiva às relações externas, uma tática de Guerra Fria e um esforço mais restrito e centrado na segurança dos EUA para preservar sua hegemonia e domínio na região da Ásia-Pacífico”.
“É também uma tentativa de conter, combater e isolar a China”, escreveu ela.
Xu Qingqi, presidente do novo Centro de Estudos Estratégicos da Ásia na Malásia, disse que os Estados Unidos tentam consolidar sua relação com os aliados regionais para aumentar o poder militar da primeira cadeia de ilhas, em uma tentativa de conter a ascensão da China.
ALIANÇAS PARA A HEGEMONIA DOS EUA
Impulsionados por complexos militares-industriais nacionais e outros grupos de interesse, os Estados Unidos incentivaram conflitos em todo o mundo. Sob o pretexto de defesa mútua, Washington e seus aliados usurparam os interesses de outros países.
No Nordeste da Ásia, a aliança EUA-Coreia do Sul visa ostensivamente se defender contra a suposta ameaça da República Popular Democrática da Coreia (RPDC); na realidade, é uma ferramenta para a intervenção dos EUA nos assuntos do Nordeste da Ásia.
Os Estados Unidos mantiveram uma presença militar na Península Coreana, não só para combater a RPDC, mas para atingir os principais países vizinhos.
Por exemplo, a implantação do sistema THAAD na Coreia do Sul é destinado à vigilância da China e da Rússia. Além disso, nos últimos anos, os Estados Unidos e a Coreia do Sul intervieram no Estreito de Taiwan e no Mar da China Meridional.
Foto tirada no dia 29 de março de 2023 mostra Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)
Na Oceania, a cooperação de defesa EUA-Austrália começou durante a Segunda Guerra Mundial. Mas quando os dois países formaram uma aliança militar após a guerra, a Austrália não enfrentou ameaças externas óbvias à segurança.
No entanto, desde então, a Austrália enviou tropas para participar em várias guerras incentivadas pelos Estados Unidos, incluindo a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque.
Além disso, nos últimos anos, os dois países têm colaborado sob o pretexto da “liberdade de navegação” para realizar frequentemente operações militares no Mar da China Meridional.
Na Europa, os Estados Unidos têm fortalecido continuamente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sob seu domínio. Embora o bloco afirme ser uma aliança militar defensiva, criada inicialmente para afastar a chamada “invasão soviética”, não se desfez após o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria.
Em vez disso, a OTAN viu a Rússia como rival e gradualmente reduziu sua área estratégica através de sucessivas rondas de expansão para leste. Após a escalada da crise na Ucrânia, a OTAN tem fornecido consistentemente apoio militar ao país, tentando enfraquecer a Rússia durante o conflito.
Entretanto, a OTAN reforçou sua dissuasão contra a Rússia a partir do norte, recrutando a Finlândia e a Suécia.
Na verdade, desde o fim da Guerra Fria, a chamada organização defensiva sob a liderança dos EUA tem estado envolvida em intervenções militares em todo o mundo. Tomou medidas militares contra países como o Afeganistão, o Iraque, a Líbia e a Síria, resultando em graves crises humanitárias.
Nos últimos anos, os Estados Unidos têm procurado construir alianças mais amplas, como o estabelecimento de mecanismos de segurança envolvendo os Estados Unidos, o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália e as Filipinas, para criar um bloco semelhante à OTAN na região Ásia-Pacífico.
Essas alianças militares, aparentemente formadas para defesa mútua, servem fundamentalmente como instrumentos para Washington proteger seus interesses hegemônicos.
O secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, disse que a expansão contínua da OTAN serve os interesses nacionais dos Estados Unidos e tira a independência de outros países.
COMPORTAMENTOS QUE ATRAPALHAM A PAZ GLOBAL
Alguns aliados dos EUA, encorajados pela garantia de defesa mútua por parte dos Estados Unidos, parecem cada vez mais dispostos a se envolver em comportamentos agressivos.
Mais recentemente, o presidente filipino, Ferdinand Romualdez Marcos, afirmou que a morte de qualquer militar filipino em caso de “agressão” no Mar da China Meridional poderá ativar o Tratado de Defesa Mútua EUA-Filipinas.
Contudo, em vez de garantir a segurança dos seus aliados, as promessas de defesa mútua de Washington apenas geram riscos maiores.
Edifício do Capitólio dos EUA em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 6 de fevereiro de 2024. (Foto por Aaron Schwartz/Xinhua)
“Nenhuma nação sobreviverá a uma guerra termonuclear entre as superpotências. Por isso, se envolver em uma delas seria suicídio”, escreveu recentemente o antigo senador filipino Francisco Tatad em um artigo publicado no site do jornal diário Manila Times.
Tomando como exemplo as decisões da Finlândia e da Suécia de aderirem à OTAN, Jan Oberg, diretor da Fundação Transnacional para a Paz e a Investigação Futura, disse que os dois países “serão estados da linha da frente arrastados para uma situação de crise e tensão muito mais fácil e mais cedo”.
A formação de alianças e a promoção do confronto não resolvem disputas nem aumentam a segurança. Em vez disso, só servem para exacerbar divisões e conflitos.
O caminho certo para a resolução de litígios está nas negociações pacíficas para encontrar soluções tangíveis para todas as partes.
“A intervenção de países fora da região, como os EUA, só agravará a situação no Mar da China Meridional”, disse Veronika Saraswati, pesquisadora sênior do principal grupo de reflexão da Indonésia, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Ela disse que as disputas no Mar da China Meridional deveriam ser resolvidas através de consultas mútuas.
Para o Japão, Atsushi Koketsu, professor emérito da Universidade Yamaguchi do Japão, disse que acabar com a militarização e promover relações amistosas com os países vizinhos são as melhores políticas de segurança para o país.
(Correspondentes da Xinhua que também contribuíram para a matéria: Liu Kai, Wang Xiaowei, An Xiaomeng, Mao Pengfei, Cai Shuya, Ye Pingfan, Zheng Shibo, Sun Lei, Jiang Qiaomei, Liu Kai, Fu Yiming e Deng Xianlai.)
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