Brasil e China assinam documento conjunto de 6 pontos para desescalada na Ucrânia
Por Sputnik Brasil- -
O
Brasil, representado pelo assessor da Presidência da República para
Assuntos Internacionais, Celso Amorim, e a China, representada por seu
chanceler, Wang Yi, chegaram a entendimentos comuns para uma solução
política na Ucrânia, comunicou o Ministério das Relações Exteriores
chinês, nesta quarta-feira (23).
Segundo o comunicado da chancelaria chinesa, as duas partes trocaram pontos de vista aprofundados sobre a promoção de uma solução para o conflito e apelaram ao abrandamento da situação.
Em
um trabalho conjunto, as autoridades dos dois países destacaram alguns
entendimentos comuns, acrescentando que Pequim e Brasília apoiam uma
conferência internacional de paz realizada "em um momento adequado que
seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igual de todas as partes".
1.
Três pontos para desescalar: Brasil e China apelam a todas as partes relevantes para que observem três princípios para desescalar a situação, nomeadamente nenhuma expansão do campo de batalha, nenhuma escalada dos combates e nenhuma provocação por qualquer parte.2.
Negociação e diálogo:
as duas nações acreditam que o diálogo e a negociação são a única
solução viável para a crise na Ucrânia. Todas as partes devem criar
condições para retomar o diálogo direto e pressionar para a desescalada
até a concretização de um cessar-fogo abrangente, assim como apoiam uma
conferência internacional de paz "com participação igual de todas as partes" [...].3.
Armas nucleares:
a utilização de armas de destruição maciça, especialmente armas
nucleares e armas químicas e biológicas, deve ser combatida. Devem ser
feitos todos os esforços possíveis para prevenir a proliferação nuclear e
evitar a crise nuclear.4.
Ataques a usinas nucleares: os ataques às usinas nucleares
e outras instalações nucleares pacíficas devem ser combatidos. Todas as
partes devem cumprir o direito internacional, incluindo a Convenção
sobre Segurança Nuclear, e prevenir resolutamente acidentes nucleares.5.
Prisioneiros e assistência humanitária: são
necessários esforços para aumentar a assistência humanitária às regiões
relevantes e evitar uma crise humanitária em maior escala. Os ataques a
civis ou a instalações civis devem ser evitados [...] e prisioneiros de
guerra devem ser protegidos. Os dois lados apoiam a troca de prisioneiros de guerra entre as partes em conflito.6.
Oposição à bipolarização do mundo: deve-se opor à divisão do mundo em grupos
políticos ou econômicos isolados. As duas partes apelam a esforços para
reforçar a cooperação internacional nos mais variados setores [...] de
modo a proteger a estabilidade das cadeias industriais e de
abastecimento globais.Entendimentos comuns entre China e Brasil sobre a solução política da crise na Ucrânia
Por fim, o comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China
convoca "os membros da comunidade internacional a apoiarem e endossarem
os entendimentos comuns acima mencionados, e desempenharem
conjuntamente um papel construtivo na redução da situação e na promoção
de diálogos de paz.
Brasil e China, que adotaram o princípio de neutralidade diante do conflito, são países que fazem parte do Sul Global e acreditam que Moscou e Kiev precisam ser ouvidas, se distanciando da retórica norte-americana e europeia, na qual a Rússia é vista como única agressora e sem motivos para lançar sua operação.
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