Thierry Meyssan: Os balbuceios finais do fascismo judaico
Os dois inimigos irredutíveis : o democrata Benny Gantz e o fascista Benjamin Netanyahu- - |
Qualquer pessoa de boa fé compreende que assassinar 30. 000 inocentes não tem nenhuma relação com a eliminação do Hamas. A operação « Espada de Ferro » assemelha-se ao que é : um disfarce para concretizar o velho sonho perseguido pelos fascistas judaicos de Jabotinsky até Netanyahu : expulsar a população árabe da Palestina. Desde logo, este crime em massa, cometido pela primeira vez em directo através das televisões, altera o tabuleiro político mundial. Sentindo-se ameaçados, os supremacistas judaicos ameaçaram por sua vez os Estados Unidos. Ciosos em continuar a ser os senhores do « mundo livre », estes aprestam-se para fazer cair os supremacistas judaicos.
A Administração Biden assistiu paralisada à reacção israelita ao ataque da Resistência Palestiniana, Hamas incluído, dita « Torrente de Al-Aqsa » (7 de Outubro). A Operação «Espada de Ferro» começou por um bombardeio maciço da Cidade de Gaza, numa escala jamais igualada em qualquer parte do mundo ou na História, incluindo durante as Guerras Mundiais. A partir de 27 de Outubro, ela acompanhou-se de uma intervenção terrestre, de pilhagens e de torturas a milhares de civis gazenses. Em cinco meses, 37. 534 civis foram assassinados ou desapareceram, entre os quais 13. 430 crianças e 8. 900 mulheres, 364 membros de pessoal médico e 132 jornalistas [1].
Inicialmente, Washington reagiu apoiando sem falhas «o direito de Israel a defender-se», ameaçando vetar qualquer pedido de cessar-fogo e fornecendo tantas bombas quantas as necessárias à destruição generalizada do encvlave palestiniano. Era impensável, aos seus olhos, sofrer uma derrota mais, depois das da Síria e da Ucrânia. No entanto, os Norte-Americanos assistiam em directo nos seus telemóveis (celulares-br)a estes horrores. Muitos altos funcionários do Departamento de Estado falaram e escreveram sobre a sua vergonha em apoiar esta carnificina. Petições circularam. Personalidades, tanto judaicas como muçulmanas, demitiram-se.
Em plena campanha eleitoral presidencial, a equipa de Joe Biden já não podia mais sujar as mãos de sangue. Ela começou, portanto, a fazer pressão sobre o gabinete de guerra israelita para que negociasse a libertação dos reféns e concluísse um cessar-fogo. No entanto, a coligação (coalizão-br) de Benjamin Netanyahu recusou, jogando com o trauma dos seus concidadãos, para garantir que a paz só regressaria quando o Hamas fosse erradicado. Washington acabou por perceber que os acontecimentos de 7 de Outubro não eram mais do que um pretexto, para os discípulos de Jabotinski, permitindo-lhes fazer aquilo que sempre haviam ambicionado : expulsar os árabes para fora da Palestina. Tornou-se então mais premente, reforçando entretanto que os Palestinianos tinham o direito a viver, que a colonização das suas terras é ilegal ao abrigo do Direito Internacional e que a questão israelo-palestiniana seria resolvida pela « solução dos dois Estados » (e não pela do Estado binacional previsto pela Resolução 181 de 1947).
Os « sionistas revisionistas » (quer dizer os discípulos de Jabotinsky [2]) responderam-lhe organizando, em 28 de Janeiro de 2024, a « Conferência para a vitória de Israel » [3]. Eles colocaram como cabeça de cartaz o Rabino Uzi Sharbaf, condenado em Israel a prisão perpétua pelos seus crimes racistas contra árabes, mas agraciado pelos seus amigos. Sharbaf não hesitou em se proclamar herdeiro do Léhi e do grupo Stern que lutaram contra os Aliados ao lado do duce Benito Mussolini.
A mensagem foi claramente recebida em Washington e em Londres : este grupúsculo pensava impor a sua vontade aos Anglo-Saxões e não hesitaria em atacá-los se eles tentassem impedir esta limpeza étnica.
A Casa Branca decretou imediatamente a interdição de colecta de fundos para eles e da sua transferência [4]. Esta interdição foi alargada a todos os bancos ocidentais de acordo com o Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA).
Além disso, o Presidente Joe Biden assinou, em 8 de Fevereiro, um Memorando sobre as condições para transferências de armas dos EUA [5]. Israel tem até 25 de Março para garantir por escrito que não viola, nem o Direito Internacional Humanitário (mas não o Direito Internacional em si), nem os Direitos Humanos (no sentido da Constituição norte-americana e não no sentido francês). Por seu lado, os Parlamentos dos Países Baixos e do Reino Unido começaram a debater a eventualidade de pôr termo ao comércio de armas com Israel.
Em Israel, a oposição democrática judaica organizou manifestações anti-sionistas, que foram pouco participadas. Os oradores que ali discursaram enfatizaram a traição do Primeiro-Ministro que instrumentaliza o choque de 7 de Outubro, não para salvar os reféns, mas para realizar o seu sonho colonial.
Os «sionistas revisionistas» lançaram então uma ofensiva mediática contra a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). Desde 1949, esta agência da ONU fornece instrução, alimentação, cuidados de saúde e serviços sociais a 5,8 milhões de apátridas palestinianos na própria Palestina, e também na Jordânia, no Líbano e na Síria. Ela dispõe de um orçamento anual de mais de mil milhões (bilhão-br) de dólares e emprega mais de 30. 000 pessoas. Já em 2018, o Presidente Donald Trump tinha posto em causa a assistência prestada aos Palestinianos e suspendeu o financiamento dos EUA à agência. Pretendia assim forçar as facções palestinas a regressar à mesa de negociações. Cinco anos mais tarde, o objectivo dos «sionistas revisionistas» é muito diferente. Ao atacar a UNRWA, pretendem forçar a Jordânia, o Líbano e a Síria a expulsar, eles também, os refugiados palestinianos. Para isso, acusaram 0,04% do seu pessoal de ter participado na Operação « Torrente de Al-Aqsa » e bloquearam as suas contas bancárias em Israel. De imediato, o Suíço Philippe Lazzarini, Director da UNRWA, suspendeu os 12 funcionários postos em causa e ordenou uma investigação interna. É claro que nunca recebeu as provas que os Israelitas afirmavam ter, mas, um após o outro, todos os doadores, com os Estados Unidos e a União Europeia à cabeça, suspenderam o seu financiamento. Em poucos dias em Gaza, e em algumas semanas na Jordânia, no Líbano e na Síria, o sistema de ajuda das Nações Unidas colapsou.
Enquanto David Cameron, antigo Primeiro-Ministro britânico e actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, visitava Israel para examinar o modo de salvar o que ainda poderia ser salvo para os Palestinianos, Amichai Chikli, Ministro da Diáspora, comparou-o a Neville Chamberlain a assinar os Acordos de Munique com Adolf Hitler. «Saudações a David Cameron que quer trazer « A paz ao nosso tempo » e dar aos nazis, que cometeram as atrocidades de 7 de Outubro, um prémio sob a forma de um Estado Palestiniano em reconhecimento pelo assassínio de bebés nos seus berços, de violações em massa e sequestros de mães com os seus filhos», declarou. Tal como durante a «Conferência para a Vitória de Israel», os « sionistas revisionistas » ameaçavam os Anglo-Saxões.
A coligação supremacista judaica de Benjamin Netanyahu pôs-se a evocar uma nova fase da «Espada de Ferro», desta vez contra Rafah. Os civis, que tinham já fugido de Gaza, teriam de fugir de novo. Todavia, tendo o Tsahal (FDI) construído uma estrada a cortar a Faixa de Gaza em duas, eles não poderiam voltar ao lugar de onde tinham saído. Preparando-se para o pior, o Egipto arranjava uma vasta área do Sinai para acolher provisoriamente os gazenses, cuja expulsão parecia inevitável [6].
Conscientes de que só permanecem no Poder em Telavive graças ao
choque de 7 de Outubro, os «sionistas revisionistas» aprovaram uma lei
assemelhando qualquer reflexão sobre a operação «Torrente de Al-Aqsa» a
uma negação da solução final nazi. Assim, ela proíbe qualquer
investigação sobre estes acontecimentos, sob pena de 5 anos de prisão.
Os revisionistas poderão assim continuar a atribuir o ataque unicamente
ao Hamas, apesar da Jiade Islâmica e da FPLP terem participação nele.
Poderão interpretá-lo como uma manifestação anti-semita, equipará-lo a
um gigantesco pogrom e negar assim o seu objectivo de libertação
nacional.
Sabendo que muitos Estados se questionavam quanto a retirar o
financiamento à UNRWA, os sionistas revisionistas continuaram os seus
ataques contra ela. Garantiram que a sede do Hamas ficava num túnel sob a
sede da Agência. Philippe Lazzarini expressou a sua perplexidade e
lembrou que Israel vinha regularmente revistar as instalações da
Agência. Mas Gilad Erdan, representante permanente de Israel nas Nações
Unidas, postou um tuite chamando a atenção de todos : «Não é que você
não soubesse, é que não quer saber. Mostrámos os túneis dos terroristas
sob as escolas da UNRWA e fornecemos provas que o Hamas explora a UNRWA.
Imploramos-lhe que procedesse a uma busca global de todas as
instalações da UNRWA em Gaza. Mas não apenas você recusou, como optou
por enfiar a cabeça na areia. Assuma as suas responsabilidades e
demita-se já. Todos os dias encontramos mais provas de que em Gaza, o
Hamas=a ONU e vice-versa. Não se pode confiar em tudo o que a ONU diz ou
em tudo o que se diz sobre Gaza.
Os supremacistas judaicos formaram uma organização, a Tzav 9 (por analogia com a ordem de mobilização geral «Tsav 8»), a fim de impedir a UNRWA de prosseguir a sua ajuda aos gazenses. Colocaram militantes nos dois pontos de entrada da Faixa de Gaza para entravar a passagem de camiões. Simultaneamente, um chofer da UNRWA foi assassinado em Gaza, forçando a Agência a suspender os suas caravanas. Finalmente estas puderam retomar, mas exclusivamente sob escolta militar israelita. Foi nesse momento que tiveram lugar os primeiros ataques da multidão faminta. Samantha Power, Directora da USAID, anunciou que iria ao local verificar o que se passava. Washington acreditava que estes ataques não eram espontâneos, mas encorajados secretamente por «sionistas revisionistas». Só então se deu o massacre na rotunda de Nabulsi (ao sul da cidade de Gaza) : segundo as FDI, 112 pessoas foram pisadas durante uma distribuição de ajuda alimentar. Os soldados israelitas apenas conseguiram libertar-se usando as suas armas. Na realidade, segundo o pessoal de saúde e da United Church of Christ, 95 % das vítimas foram mortas por tiros. Washington publicou um comunicado apoiando a posição de Telavive, mas segundo o Haaretz : « É duvidoso que a comunidade internacional engula estas explicações » [7].
Washington respondeu autorizando a Jordânia e a França a largar rações alimentares sobre as praias de Gaza, associando-se depois a estas operações aéreas. Além disso, começaram a mobilizar a sua logística para criar uma ilha flutuante que possa servir como cais de desembarque a fim de encaminhar ajuda humanitária internacional a Gaza (a costa gazense é demasiado rasa para permitir navios de grande tonelagem). Ao fazê-lo, o Pentágono retoma uma ideia enunciada, em 2017, por Israel Katz, actual Ministro dos Negócios Estrangeiros. Desde já, o princípio de um corredor naval humanitário, a partir de Chipre, foi estabelecido. Ele será utilizado pelos Emirados Árabes Unidos e pela União Europeia.
Enquanto Israel acusava, sempre sem provas, agora 450 empregados da UNRWA de serem membros do Hamas, a UNRWA reuniu-se e ouviu cerca de uma centena de civis gazenses que tinham sido feitos prisioneiros pelas FDI «para interrogatório». Ela prepara um relatório sobre as torturas sistemáticas que eles sofreram. O mundo inteiro viu as imagens destes homens que os soldados israelitas forçavam a despir-se para ser interrogados.
Desprezando os Anglo-Saxões, os «sionistas revisionistas» retomaram o seu projecto de colonização. Entraram na Faixa de Gaza, pela passagem de Eretz/Beit Hanoune, para construir os primeiros edifícios de um novo colonato, New Nisanit. Conseguiram construir dois, em madeira, antes de serem repelidos pelas FDI.
Cerca de 36 redactores-chefe de grandes média Anglo-Saxões assinaram uma carta do Comité para a proteção de jornalistas a fim de denunciar a morte dos seus funcionários em Gaza e lembrar ao governo israelita que ele tem a responsabilidade de garantir segurança dos mesmos [8].
No entanto, enquanto o governo israelita fingia estar surpreendido com essas mortes, a maioria dos funcionários do Departamento de Informação apresentaram a demissão em bloco. A Ministro Galit Distel-Etebaryan tinha-se já demitido, em 12 de Outubro, para protestar contra a censura militar. Mas, agora a crise era muito mais grave : os responsáveis pela desinformação recusavam-se a continuar a mentir, uma vez que o fosso entre a sua narrativa e a verdade não parava de aumentar.
Cedência única de Benjamin Netanyahu : o levantamento da proibição de celebração do Ramadão na mesquita de Al-Aqsa. Após a intervenção dos deputados árabes do Knesset junto do Rei Abdallah II da Jordânia, que é o único responsável pela segurança do local santo muçulmano de Jerusalém, ele acabou por autorizar estas reuniões durante a primeira semana, renovável a cada sete dias.
Washington tomou então a decisão de mudar radicalmente de política. Até agora, tinha considerado que não podia permitir-se deixar Israel perder. Havia, portanto, apoiado os seus crimes. Agora, já não pode permitir-se deixar os fascistas judaicos vencer. É preciso compreender bem : Washington não mudou de ideias vendo o sofrimento dos gazenses, nem teve um súbito acesso de anti-fascismo, mas, sim por causa das ameaças dos «sionistas revisionistas». As suas posições são exclusivamente ditadas pela vontade de conservar o domínio sobre o mundo. Não podia aceitar uma nova derrota, dos seus aliados israelitas, desta vez a seguir às da Síria e da Ucrânia. Mas, ainda menos pode aceitar perder para os «sionistas revisionistas».
A Administração Biden convidou, pois, o General Benny Gantz, antigo Primeiro-Ministro alternativo, e desde 12 de Outubro Ministro sem pasta, a vir a consultas nos Estados Unidos, apesar da oposição do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu. É uma espécie de bumerangue à forma como este último fora convidado a pronunciar um discurso no Congresso contra o opinião do Presidente Barack Obama, em 2015. Os Estados Unidos querem mostrar que são eles quem manda e mais ninguém.
Além disso, os Estados Unidos sentem-se obrigados a agir. Com efeito, a Rússia convidou para Moscovo as sessenta organizações políticas palestinianas. Ela instou-os a unirem-se e convenceu o Hamas a aceitar a carta da OLP, ou seja, a reconhecer o Estado de Israel.
Entretanto, o General Benny Gantz não aceitou este convite para conseguir uma ajuda exterior e derrubar o Primeiro-Ministro. Ele foi a Washington para se assegurar que ainda podia salvar Israel e que os seus aliados não o deixariam soçobrar.
A 5 de Março, Benny Gantz foi recebido pela Vice-Presidente Kamala Harris, que se entregou a uma firme denúncia do massacre perpetrado pela coligação de Benjamin Netanyahu. A imprensa dos EUA sublinhou que o seu discurso inicial fora escrito em termos mais duros ainda. O importante é que ela fez o papel do «policia mau», enquanto o Departamento de Estado e o Pentágono encarnavam o papel de «policias bons», mais compreensivos. Gantz também se encontrou com o Secretário de Estado, Antony Blinken, que o ungiu em nome da «América» como o futuro Primeiro-Ministro israelita. Aí, ele soube da demissão, com efeito imediato, da Sub-secretária Victoria Nuland.
Essa é conhecida na Europa por ter supervisionado, em 2014, o derrube do Presidente ucraniano eleito, Viktor Ianukovych. Foi ela também quem convenceu a Chancelerina alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, François Hollande, a assinar os acordos de Minsk para obter a retirada da Rússia. Sabe-se hoje que os Ocidentais não queriam pôr fim ao massacre do povo do Donbass, mas apenas ganhar tempo para armar a Ucrânia.
No entanto, Victoria Nuland é antes de mais a esposa do historiador
Robert Kagan, o qual presidiu o Projeto para um Novo Século Americano
(Project for a New American Century) . A este título, foi que eles
anunciaram os atentados do 11-de- Setembro, o «Novo Pearl Harbor» que
iria despertar o «Império Americano» [9].
Ambos são discípulos do filósofo Leo Strauss, ele próprio discípulo de
Vladimir Jabotinsky, e personalidade de referência do movimento
neo-conservador [10].
O número 2 do Projeto para um Novo Século Americano era Elliott Abrams,
o homem que no ano passado financiou a campanha eleitoral e depois o
golpe de Estado de Benjamin Netanyahu [11].
Em 2006, Victoria Nuland, então embaixatriz dos EUA na OTAN, parou a
guerra israelo-libanesa, salvando Israel da derrota face ao Hezbolla.
Ela conhece, pois, muito bem Benjamin Netanyahu. A sua demissão
manifesta a vontade da Administração Biden de limpar a sua casa ao mesmo
tempo que o faz em Israel.
Em 6 de Março, no regresso a casa, Benny Gantz parou em Londres. Ele foi recebido pelo Conselheiro de Segurança, Tim Barrow, pelo Primeiro Ministro, Rishi Sunak, e. finalmente, pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, David Cameron. Ele sublinhou, é claro, que Israel tinha o direito de se defender, mas apenas no quadro do Direito Internacional. Esta paragem era para ele obrigatória, na medida em que o Hamas é o ramo palestiniano da Confraria dos Irmãos Muçulmanos, uma sociedade política secreta controlada à distância pelo MI6 britânico e acompanhada durante décadas pelo Rei Carlos III (então Príncipe de Gales).
Aquando do seu discurso sobre o estado da União, em 7 de Março, o Presidente Joe Biden disse : «Aos dirigentes de Israel, digo o seguinte : a ajuda humanitária não pode ser uma consideração secundária ou uma moeda de troca. Proteger e salvar vidas inocentes deve ser uma prioridade. Quanto ao futuro, a única verdadeira solução para a situação é uma solução de dois Estados. Eu afirmo isto como aliado de longa data de Israel e o único presidente americano a ter visitado Israel em tempo de guerra. Mas não existe outra via que garanta a segurança e a democracia de Israel. Não existe outra via que garanta aos Palestinianos a vida em paz e em dignidade. E não há outra via que garanta a paz entre Israel e todos os seus vizinhos árabes, incluindo a Arábia Saudita [12].
Durante o massacre dos gazenses, muitos dirigentes do Médio- Oriente Alargado que eram favoráveis à Confraria dos Irmãos Muçulmanos, começaram a se interrogar sobre o Hamas. Se se compreendia que, alegadamente em nome do Islão, os Irmãos tivessem combatido os Soviéticos, depois os laicos Muamar Kaddaffi e Bashar al-Assad, como explicar que tenham podido realizar uma operação em que só um povo muçulmano iria pagar o preço ? Primeiro a reagir, o Presidente turco Recep Tayyip Erdoğan revogou a cidadania turca ao Guia Supremo da Confraria, o Egípcio Mahmud Huseyin, a quem a havia concedido dois anos antes. Isto não significa, evidentemente, que Recep Tayyip Erdoğan abandone a ideologia do islão político, mas sim que tenta dissociá-la do colonialismo anglo-saxónico à imagem do que propõe o Irmão Mahmud Fathi.
Durante 75 anos, os Ocidentais impuseram as sua vontade às suas antigas colónias do «Médio-Oriente Alargado», quer por intermédio de jiadistas, quer directamente pelos seus exércitos. Ao apoiarem durante quatro meses os massacres perpetrados pelos fascistas judaicos do grupo Jabotinsky-Netanyahu, os Ocidentais perderam o seu prestígio. Seja qual for o futuro Israel, com Benny Gantz e Yaïr Lapid em vez de Benjamin Netanyahu e Itamar Ben-Gvir, o poderio de Israel, baseado no mito da incompatibilidade dos judeus com o fascismo, afundou-se. Agora, será possível exumar todos os crimes cometidos por este grupúsculo, por conta da CIA, durante a Guerra Fria, no Médio-Oriente, em África e na América Latina.
Alva
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