Fernando Brito: Ataque de bolsonaristas a Barroso escala crise com STF
Por Fernando Brito - no Tijolaço -
Lê-se nos jornais que ataques de grupos bolsonaristas fizeram o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, ter de abandonar um restaurante e, depois, a casa onde estava hospedado em Porto Belo, litoral norte de Santa Catarina, às pressas e sob escolta policial.
Pior, lê-se ainda que a PM catarinense considerou a “pacífica e ordeira” e que “a autoridade deixou o local sem nenhum tipo de conflito mais grave”. Sim, é normal ter de sair à 4 horas da manhã, sob proteção da polícia…
Aconteceu poucas horas depois de o Ministério Público do Estado concluir que a saudação de mão estendida em São Miguel do Oeste não era um gesto com referências nazista, mas para “transmitir energia” diante de um quartel do Exército.
Falta pouco para dizerem que enfileirar crianças à frente de um bloqueio de rodovias não era um “escudo humano” próprio de fanáticos, mas uma atividade lúdica, na qual os pequenos foram levados a “brincar de caminhãozinho”.
Quem sabe, em dezembro, os bonecos de Papai Noel, de roupa vermelha, não acabem enforcados nos postes, pelo “comunismo” que significa dar presentes a meninos pobres?
A sociedade brasileira tem de reagir a isso, porque, sem isso, a barbárie tende a se acentuar.
E não é uma reação de indivíduos e grupos, porque esta turba, embora minoritária, anda louca para que se aceitem suas provocações para brigas, tiros e outros métodos que estão demonstrando serem a sua forma de agir atual.
O Brasil tem – ainda e apesar da cumplicidade de seu chefe – um Ministério Público, um Judiciário e leis que proíbe aquelas e outras manifestações selvagem. E é deles a obrigação de por freios e fazer retroceder esta escalada.
Não é possível que se considere “pacífico e ordeiro” pessoas serem perseguidas nas ruas, dentro de casas e que tenham de sair sob proteção policial altas horas da madrugada.
Começaram isso faz anos, cercando a casa do então ministro Teori Zavascki, porque ele ousou colocar reparos na ação protofascista de Sergio Moro.
Em poucos anos, os monstros ali criados ganharam as ruas e se consideram donos da vida e do voto de cada brasileiro.
Por fim a isso é dever da Justiça, que para isso tem as garantias e proteções constitucionais que ninguém mais possui.
Há sinais – e é bom que estejam surgindo – que a próxima semana (ou, no máximo, a seguinte) trará ações duras do Supremo Tribunal Federal contra os articuladores das badernas pós-eleitorais, incluindo alguns de seus financiadores.
O “escracho” de Barroso em Santa Catarina deve acelerar e aprofundar estas ações.
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