Rui C. Pimenta: O empresário (e seus sócios imperialistas) por trás de Boulos

guilherme boulos e walfrido warde (1)
Walfrido Warde considera-se um grande amigo de Boulos – Foto: Arquivo Pessoal/Alexandre Battibugli

 

Por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta - no PCO

Na semana passada, Guilherme Boulos, cuja campanha para o governo do Estado de S. Paulo pelo PSOL está em pleno andamento, apresentou como o possível candidato a vice na sua chapa o advogado Sílvio Almeida, autor do livro Racismo Estrutural.

 

Muitos na esquerda têm questionado a ascensão meteórica do candidato. Em 2013 Boulos era completamente desconhecido do amplo público, em 2020 vai ao segundo turno da eleição municipal paulistana ultrapassando a votação do PT, partido que elegeu três vezes o prefeito da maior cidade do País no período posterior à ditadura militar. 

A explicação deste sucesso é simples: Boulos tem sido um instrumento e o beneficiário da ofensiva golpista que levou ao golpe de 2016 e à fraude eleitoral de 2018.

A ala esquerda do golpismo

Em 2014 ele desponta como líder do movimento  “Não Vai ter Copa“. O movimento foi apresentado como uma campanha de defesa dos interesses populares diante das obras da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil em 2014, ano da eleição presidencial. O que já chamava a atenção dos observadores mais agudos da situação política era o seu objetivo: impedir a Copa do Mundo no Brasil, que nada tinha a ver com defender interesses populares. Recebendo claro apoio de toda a imprensa golpista, o movimento apresentava slogans como “queremos hospitais padrão FIFA”. A questão política era clara: Lula havia conseguido uma enorme vitória política ao trazer a Copa para o Brasil, uma indicação ambicionada por qualquer país, com ganhos econômicos de propaganda para o País anfitrião e, logicamente, com enormes ganhos políticos para o governo que o realizasse.

Neste momento, o golpe de Estado já estava em pleno andamento, tendo tido o seu primeiro capítulo no famoso julgamento do “Mensalão”, no qual líderes do PT de primeiro plano como José Dirceu haviam sido condenados sem qualquer prova por meio de expedientes fraudulentos e persecutórios. Durante 2012 e 2013, a imprensa e os partidos golpistas fizeram uma enorme campanha sob o tema de “a Copa não vai dar certo, o PT é incompetente”. Esta campanha foi completada pela mobilização esquerdista de pretensa defesa do povo diante das obras da Copa.

O movimento dirigido por Boulos foi apoiado pelas redes de TV, pela Globo, por toda a imprensa golpista. Era Boulos do lado de fora dos estádios e os coxinhas gritando impropérios contra Dilma, num ato completamente ensaiado, na partida inaugural, do lado de dentro. Nesses anos, o líder recém-descoberto foi parar no Uol, num programa do blogueiro Leonardo Sakamoto, ganhou coluna na Folha, duas vezes. Para os desatentos, pareceria uma nova era de abertura, pareceria que a imprensa estava encontrando uma nova era de democracia e de pluralidade, que abria uma porta para o movimento popular. Se lembrarmos bem, estes eram os anos em que a imprensa castigava impiedosamente o governo Dilma e Lula. Em março de 2014 inicia-se o processo da Lava Jato.

coletiva mtst
Coletiva de imprensa do MTST (Boulos ao centro), em maio de 2014 em meio ao “Não vai ter Copa”

É de fundamental importância destacar que toda esta campanha foi orquestrada pelo imperialismo, em particular pelas agências do governo norte-americano. Sobre a Lava Jato já não há mais mistério quanto à participação desses organismos estrangeiros de espionagem e conspiração contra governos e países oprimidos. Na campanha do “Não vai ter Copa” há muitos elementos que indicam a mesma coisa, tal como vídeos profissionais em português e em inglês mostrando o pretenso sofrimento do povo com a Copa e inclusive financiamento da Fundação Ford para os comitês populares contra a Copa.

Recentemente, veio à tona que os comitês contra a Copa receberam pelo menos R$ 30 mil do Fundo Brasil. Para quem não sabe, Fundo Brasil é uma ONG que doa para várias causas justíssimas como a de Boulos. A candidata a vice-presidente em sua chapa, Sônia Guajajara, também tem uma ONG que recebeu um bom dinheiro, R$ 150 mil para ser exato. O Fundo Brasil, além de receber doações de gente rica no Brasil, recebe dinheiro de outros lugares igualmente idôneos e preocupados com o País: a Fundação Ford, sediada nos EUA e que, admitidamente, já trabalhou com a CIA.

A dura campanha da imprensa conseguiu em grande medida neutralizar o efeito da Copa do Mundo dentro do País. No entanto, era necessário obter mais um resultado: impedir a vitória brasileira. A campanha lançou-se, então, à desestabilização da seleção nacional de futebol que, combinada com outros recursos, resultou na derrota humilhante de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha. Vale dizer que os defensores esquerdistas do “Não vai ter Copa” foram até o extremo de fazer uma campanha política em favor da seleção alemã.

A verdadeira sabotagem da Copa do Mundo no Brasil foi a terceira etapa do golpe de Estado imperialista, sendo a segunda, que facilitou o “Não vai ter Copa”, o sequestro pela direita do atos pelo passe livre em 2013 apresentados fraudulentamente como atos contra o governo federal pela imprensa e os partidos golpistas.

Boulos no golpe de Estado de 2016

A partir de 2015, o golpe de Estado é escancarado. No palanque do ato de 1º de maio daquele ano, o Partido da Causa Operária disse com toda a clareza que a prioridade naquele momento era apenas uma: impedir o golpe contra Dilma Rousseff.

Boulos e setores da esquerda como PSOL, PSTU, PCB etc. tinham outros planos. Buscavam um pretexto para se somar à campanha golpista e o encontraram no pálido ajuste fiscal de Dilma Rousseff que, na ilusão de conter o golpe, havia feito um compromisso com os banqueiros, convocando dois representantes do capital financeiro para o governo.

Boulos imediatamente se torna novamente porta-voz da ala “esquerda” do golpe, declarando que “se quisesse ser defendido na rua, [o governo] teria que se tornar defensável” numa entrevista à revista Samuel. A campanha de criticar Dilma pelo ajuste fiscal, tentando criar uma reticência na esquerda em relação ao governo, não parou até o governo cair.

Naquele momento, dissemos que, se Dilma caísse, seu ajuste fiscal pareceria uma brisa perto do que fariam os golpistas. Isto se confirmou catastroficamente durante o golpe de Michel Temer.

Para levar adiante a campanha esquerdista contra o governo, Boulos criou a chamada Frente Povo Sem Medo. Esta frente tinha como objetivo declarado levar adiante a peculiar forma de campanha “contra” o golpe feita por Boulos e teve o mérito de dividir a luta contra o golpe e semear confusão no interior da esquerda.

Acrescente-se que Boulos foi presenteado durante todo o período do golpe com uma coluna semanal em um dos principais jornais golpistas, a Folha de S.Paulo, de onde levou adiante sua política confusionista.

Por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta - no PCO

Na semana passada, Guilherme Boulos, cuja campanha para o governo do Estado de S. Paulo pelo PSOL está em pleno andamento, apresentou como o possível candidato a vice na sua chapa o advogado Sílvio Almeida, autor do livro Racismo Estrutural.

 

Muitos na esquerda têm questionado a ascensão meteórica do candidato. Em 2013 Boulos era completamente desconhecido do amplo público, em 2020 vai ao segundo turno da eleição municipal paulistana ultrapassando a votação do PT, partido que elegeu três vezes o prefeito da maior cidade do País no período posterior à ditadura militar. 

A explicação deste sucesso é simples: Boulos tem sido um instrumento e o beneficiário da ofensiva golpista que levou ao golpe de 2016 e à fraude eleitoral de 2018.

A ala esquerda do golpismo

Em 2014 ele desponta como líder do movimento  “Não Vai ter Copa“. O movimento foi apresentado como uma campanha de defesa dos interesses populares diante das obras da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil em 2014, ano da eleição presidencial. O que já chamava a atenção dos observadores mais agudos da situação política era o seu objetivo: impedir a Copa do Mundo no Brasil, que nada tinha a ver com defender interesses populares. Recebendo claro apoio de toda a imprensa golpista, o movimento apresentava slogans como “queremos hospitais padrão FIFA”. A questão política era clara: Lula havia conseguido uma enorme vitória política ao trazer a Copa para o Brasil, uma indicação ambicionada por qualquer país, com ganhos econômicos de propaganda para o País anfitrião e, logicamente, com enormes ganhos políticos para o governo que o realizasse.

Neste momento, o golpe de Estado já estava em pleno andamento, tendo tido o seu primeiro capítulo no famoso julgamento do “Mensalão”, no qual líderes do PT de primeiro plano como José Dirceu haviam sido condenados sem qualquer prova por meio de expedientes fraudulentos e persecutórios. Durante 2012 e 2013, a imprensa e os partidos golpistas fizeram uma enorme campanha sob o tema de “a Copa não vai dar certo, o PT é incompetente”. Esta campanha foi completada pela mobilização esquerdista de pretensa defesa do povo diante das obras da Copa.

O movimento dirigido por Boulos foi apoiado pelas redes de TV, pela Globo, por toda a imprensa golpista. Era Boulos do lado de fora dos estádios e os coxinhas gritando impropérios contra Dilma, num ato completamente ensaiado, na partida inaugural, do lado de dentro. Nesses anos, o líder recém-descoberto foi parar no Uol, num programa do blogueiro Leonardo Sakamoto, ganhou coluna na Folha, duas vezes. Para os desatentos, pareceria uma nova era de abertura, pareceria que a imprensa estava encontrando uma nova era de democracia e de pluralidade, que abria uma porta para o movimento popular. Se lembrarmos bem, estes eram os anos em que a imprensa castigava impiedosamente o governo Dilma e Lula. Em março de 2014 inicia-se o processo da Lava Jato.

coletiva mtst
Coletiva de imprensa do MTST (Boulos ao centro), em maio de 2014 em meio ao “Não vai ter Copa”

É de fundamental importância destacar que toda esta campanha foi orquestrada pelo imperialismo, em particular pelas agências do governo norte-americano. Sobre a Lava Jato já não há mais mistério quanto à participação desses organismos estrangeiros de espionagem e conspiração contra governos e países oprimidos. Na campanha do “Não vai ter Copa” há muitos elementos que indicam a mesma coisa, tal como vídeos profissionais em português e em inglês mostrando o pretenso sofrimento do povo com a Copa e inclusive financiamento da Fundação Ford para os comitês populares contra a Copa.

Recentemente, veio à tona que os comitês contra a Copa receberam pelo menos R$ 30 mil do Fundo Brasil. Para quem não sabe, Fundo Brasil é uma ONG que doa para várias causas justíssimas como a de Boulos. A candidata a vice-presidente em sua chapa, Sônia Guajajara, também tem uma ONG que recebeu um bom dinheiro, R$ 150 mil para ser exato. O Fundo Brasil, além de receber doações de gente rica no Brasil, recebe dinheiro de outros lugares igualmente idôneos e preocupados com o País: a Fundação Ford, sediada nos EUA e que, admitidamente, já trabalhou com a CIA.

A dura campanha da imprensa conseguiu em grande medida neutralizar o efeito da Copa do Mundo dentro do País. No entanto, era necessário obter mais um resultado: impedir a vitória brasileira. A campanha lançou-se, então, à desestabilização da seleção nacional de futebol que, combinada com outros recursos, resultou na derrota humilhante de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha. Vale dizer que os defensores esquerdistas do “Não vai ter Copa” foram até o extremo de fazer uma campanha política em favor da seleção alemã.

A verdadeira sabotagem da Copa do Mundo no Brasil foi a terceira etapa do golpe de Estado imperialista, sendo a segunda, que facilitou o “Não vai ter Copa”, o sequestro pela direita do atos pelo passe livre em 2013 apresentados fraudulentamente como atos contra o governo federal pela imprensa e os partidos golpistas.

Boulos no golpe de Estado de 2016

A partir de 2015, o golpe de Estado é escancarado. No palanque do ato de 1º de maio daquele ano, o Partido da Causa Operária disse com toda a clareza que a prioridade naquele momento era apenas uma: impedir o golpe contra Dilma Rousseff.

Boulos e setores da esquerda como PSOL, PSTU, PCB etc. tinham outros planos. Buscavam um pretexto para se somar à campanha golpista e o encontraram no pálido ajuste fiscal de Dilma Rousseff que, na ilusão de conter o golpe, havia feito um compromisso com os banqueiros, convocando dois representantes do capital financeiro para o governo.

Boulos imediatamente se torna novamente porta-voz da ala “esquerda” do golpe, declarando que “se quisesse ser defendido na rua, [o governo] teria que se tornar defensável” numa entrevista à revista Samuel. A campanha de criticar Dilma pelo ajuste fiscal, tentando criar uma reticência na esquerda em relação ao governo, não parou até o governo cair.

Naquele momento, dissemos que, se Dilma caísse, seu ajuste fiscal pareceria uma brisa perto do que fariam os golpistas. Isto se confirmou catastroficamente durante o golpe de Michel Temer.

Para levar adiante a campanha esquerdista contra o governo, Boulos criou a chamada Frente Povo Sem Medo. Esta frente tinha como objetivo declarado levar adiante a peculiar forma de campanha “contra” o golpe feita por Boulos e teve o mérito de dividir a luta contra o golpe e semear confusão no interior da esquerda.

Acrescente-se que Boulos foi presenteado durante todo o período do golpe com uma coluna semanal em um dos principais jornais golpistas, a Folha de S.Paulo, de onde levou adiante sua política confusionista.

A primeira aparição do mentor rico de Boulos

Em 2020, em meio à estranhamente bem sucedida campanha de Boulos para prefeito, a revista Veja publica um artigo  intitulado “Walfrido Warde, o amigo rico que é cabo eleitoral de Boulos nos Jardins“. O mais estridente órgão de imprensa do golpe vai descrever a figura de Walfrido como colega de classe de Boulos no curso de Filosofia da USP. Walfrido já era formado em direito nesta época e já era dono do escritório Warde Advogados. Hoje, o escritório é um pequeno palácio de 1000 metros quadrados nos Jardins.

A Veja descreve os clientes do “amigo” assim: “a clientela inclui, ainda, algumas das maiores companhias dos Estados Unidos, China e Israel”. Perguntado sobre o que ele achava dessa curiosa amizade, que inclusive estava ajudando-o a conhecer pessoas no meio empresarial, Boulos disse estar sem agenda para dar uma resposta à Veja. O PSOL disse que não tem problema Boulos ser amigo de gente rica, e que Warde não havia doado à campanha até aquele momento.

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A primeira aparição do mentor rico de Boulos

Em 2020, em meio à estranhamente bem sucedida campanha de Boulos para prefeito, a revista Veja publica um artigo  intitulado “Walfrido Warde, o amigo rico que é cabo eleitoral de Boulos nos Jardins“. O mais estridente órgão de imprensa do golpe vai descrever a figura de Walfrido como colega de classe de Boulos no curso de Filosofia da USP. Walfrido já era formado em direito nesta época e já era dono do escritório Warde Advogados. Hoje, o escritório é um pequeno palácio de 1000 metros quadrados nos Jardins.

A Veja descreve os clientes do “amigo” assim: “a clientela inclui, ainda, algumas das maiores companhias dos Estados Unidos, China e Israel”. Perguntado sobre o que ele achava dessa curiosa amizade, que inclusive estava ajudando-o a conhecer pessoas no meio empresarial, Boulos disse estar sem agenda para dar uma resposta à Veja. O PSOL disse que não tem problema Boulos ser amigo de gente rica, e que Warde não havia doado à campanha até aquele momento.

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