Manlio Dinucci: As Novas Armas Financeiras do Ocidente
Rede Voltaire | Roma (Itália) | 11 de Novembro de 2021
Neste contexto, está inserida a nova e colossal operação financeira lançada pela Goldman Sachs, Deutsche Bank e outros grandes bancos americanos e europeus. Aparentemente, espelhando a que é aplicada às sanções, não envolve restrições económicas ou a apreensão de fundos para punir países considerados culpados de violações, mas a concessão de financiamento a governos e outras entidades virtuosas que aderem ao "ESG Index: Environment, Society, Governance". O objectivo oficial do Índice ESG é estabelecer normas para prevenir a iminente catástrofe climática anunciada pela Conferência de Glasgow, defender os direitos humanos espezinhados pelos regimes totalitários e assegurar a boa governação, segundo o modelo das grandes democracias ocidentais. São principalmente o Departamento de Estado dos EUA, o Fórum Económico Mundial, a Fundação Rockefeller e o Banco Mundial que estabelecem estes padrões, com algumas organizações da ONU a desempenharem um papel subordinado. A maior garantia para os direitos humanos é o Departamento de Estado dos EUA, cujo embargo ao Iraque com a aprovação da ONU, provocou em 1990-2003, um milhão e meio de mortes, incluindo meio milhão de crianças.
A operação financeira concentra-se nas alterações climáticas: a Conferência da ONU em Glasgow anunciou, a 3 de Novembro, que "as finanças estão a tornar-se verdes e resistentes". Nasce a Glasgow Financial Alliance for Net Zero, à qual aderiram 450 bancos e multinacionais de 45 países desde Abril, comprometendo-se a "investir nas próximas três décadas mais de 130 triliões de dólares (130 triliões) em capital privado para transformar a economia em emissões zero em 2050". O capital será levantado através da emissão de Obrigações Verdes e investimentos feitos por fundos mútuos e fundos de pensões, em grande parte com o dinheiro de pequenos aforradores que correm o risco de se encontrarem em mais uma bolha especulativa.
Não há agora nenhum banco ou empresa multinacional que não esteja empenhado em atingir emissões zero até 2050 e em ajudar os "países pobres", onde mais de 2 biliões de pessoas ainda utilizam a madeira como seu único ou principal combustível. Também so-lenemente comprometida com as emissões zero está a companhia petrolífera anglo-holandesa Royal Dutch Shell que, após ter causado um desastre ambiental e sanitário no Delta do Níger, se recusa a limpar as terras poluídas. Assim, enquanto esperam por emissões zero, os habitantes continuam a morrer devido à água poluída pelos hidrocarbonetos da Shell.
Maria Luísa de Vasconcellos
Il Manifesto (Itália)
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