Apoiar a independência de Taiwan é "brincar com fogo", alerta Xi em conversa com Biden
Os líderes das duas maiores potências globais conversaram por mais de 3 horas. - Mandel Ngan / AFP |
O presidente americano, Joe Biden, advertiu seu homólogo chinês, Xi Jinping, contra um confronto entre as duas maiores economias do mundo. É responsabilidade de ambos "garantir que a concorrência entre nossos países não degenere em conflito, seja intencional ou não", disse Biden a Xi durante uma videoconferência que gerou grandes expectativas na comunidade internacional nesta segunda-feira (15/11).
Biden disse ser "importante os dois países se comunicarem de forma transparente e honesta". Já o presidente chinês chamou Biden de "velho amigo". Ele ressaltou que os dois países devem buscar uma cooperação mais estreita, por exemplo no campo das mudanças climáticas, e precisam melhorar sua comunicação para coexistirem em paz. Disse ainda que "espera trabalhar com o presidente americano para promover um desenvolvimento positivo".
Enfrentar os desafios globais
O líder chinês afirmou que ambos os países deveriam respeitar um ao outro e coexistir de forma pacífica. Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, EUA e China também teriam que cumprir suas responsabilidades internacionais. Xi pretende "agir de forma ativa com Biden para mover as relações entre a China e os EUA em uma direção positiva", informou a agência de notícias oficial da China, Xinhua.
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Bons relacionamentos seriam importantes para promover o desenvolvimento em ambos os países, para garantir um ambiente internacional pacífico e estável e para encontrar respostas eficazes aos desafios globais, como as mudanças climáticas ou a pandemia do coronavírus, afirmou.
Uigures, Hong Kong, Tibete
Este é o momento mais tenso entre as duas grandes potências desde o estabelecimento de relações diplomáticas em 1979. Entre outras coisas, Biden abordou a situação dos direitos humanos na China.
De acordo com a Casa Branca, ele expressou preocupação com o tratamento dado pela China à minoria uigur em Xinjiang, a supressão do movimento democrático em Hong Kong e suas ações no Tibete. O presidente dos Estados Unidos também teria deixado claro "que os trabalhadores e indústrias americanos devem ser protegidos das práticas comerciais e econômicas desleais da República Popular da China".
Biden também destacou que os EUA continuam comprometidos com a política de "uma China única", segundo a qual Pequim é vista como representante legítimo do país com a maior população mundial.
Entretanto, o presidente americano reiterou que os EUA rejeitam firmemente os "esforços unilaterais" para mudar o status quo de Taiwan ou prejudicar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan. Biden se referiu assim às ameaças da liderança comunista de conquistar Taiwan para a "reunificação".
Pequim considera Taiwan como parte da China, enquanto a república insular de 23 milhões de pessoas se considera independente.
Segundo a Casa Branca, Biden também enfatizou que os EUA ainda se sentem vinculados pela Lei de Relações de Taiwan, de 1979, na qual os EUA se comprometeram com a defesa da ilha através do fornecimento de armas para Taiwan.
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Xi também foi muito claro sobre Taiwan: ele alertou Biden contra "brincar com fogo". Pequim tomaria "medidas decisivas" se "forças pró-independência de Taiwan" cruzarem uma "linha vermelha".
Pequim vê resultados positivos
O primeiro encontro on-line entre Biden e Xi durou três horas e meia. A imprensa só pôde participar do início da conversa. As altas expectativas em relação ao encontro foram atenuadas pela administração dos EUA. Washington assinalou que não se deveria esperar resultados concretos.
Já o governo chinês foi mais positivo após a reunião. Teria sido um encontro "de longo alcance, profundo, franco, construtivo e produtivo", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, em uma primeira reação no Twitter. "Ajuda a ampliar o entendimento mútuo".
Antes da cúpula, Biden só havia falado com Xi duas vezes por telefone desde que tomou posse, mais recentemente em setembro. Uma reunião pessoal entre os dois chefes de Estado ainda não ocorreu porque Xi se absteve de viajar para o exterior desde o início da pandemia.
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