Embraer continua otimista com negócios na China

 


 Zhuhai, Guangdong (Xinhua)

 A Embraer prevê uma demanda de 1445 aviões com até 150 lugares no mercado chinês até 2040, entre os quais, 77% para atender ao crescimento e 23% para renovação de frota, segundo uma reportagem divulgada durante a 13ª Exposição Internacional de Aviação e Aeroespacial da China, em Zhuhai, Província de Guangdong, no sul da China.

"Estamos muito confiantes com a tendência de crescimento do mercado chinês nas próximas duas décadas, que é um período longo depois da epidemia", disse Guo Qing, diretor-executivo e vice-presidente de Aviação Comercial da Embraer China, em uma entrevista executiva à Xinhua.

Esta é a décima vez que o fabricante brasileiro, o terceiro maior mundial, participa deste grande evento aeronáutico chinês, após ver o "enorme potencial" da aviação regional no país asiático para sua nova família de jatos E2.

Novos aeroportos desencadearão novo potencial

De acordo com as diretrizes emitidas conjuntamente pelo Comitê Central do Partido Comunista da China e pelo Conselho de Estado, a China terá cerca de 400 aeroportos de transporte civil até 2035, onde, a Embraer acredita que encontrará oportunidades de expansão.

"A China construirá 150 aeroportos em 15 anos, ou seja, um para cada mês, e a maioria dos quais são aeroportos de aviação regional", disse Guo, "Essas rotas requerem um grande número de aeronaves menores, mais econômicas e ecologicamente amigáveis"

Atualmente, são 91 E-Jets da Embraer em operação na China, ligando 150 cidades chinesas e do exterior e transportando 20 milhões de passageiros por ano.

A fim de promover seus novos aviões mais "econômicos", a empresa brasileira realizou várias demonstrações de voo na China nos últimos três anos, até pousou sua E190-E2 no Aeroporto Internacional de Gonggar de Lhasa, no Tibet, a uma altitude de mais de 3,500 metros, um dos aeroportos mais altos do mundo.

Segundo Guo, a China tem um mercado de aviação em crescimento, que é importante para a empresa brasileira buscando novo desenvolvimento.

"Esperamos que a nossa frota cresça o mais rápido possível e que mais aeronaves sejam entregues para o mercado chinês. Estamos trabalhando nessa área, contudo, isso depende das decisões das companhias aéreas locais."

Epidemia mudou o mercado

Guo acredita que mais e mais viagens de negócios de longa distância estão sendo substituídas por videoconferências, e os aviões com menos assentos e maior economia serão mais bem-vindos no mercado chinês na era pós-epidêmica.

Segundo ele, as grandes aeronaves ainda respondem por uma proporção relativamente excessiva neste mercado, o que resulta em desperdício de custo.

"Devido à baixa taxa de ocupação de voos durante a epidemia, muitas companhias chinesas estão repensando sua estratégia, o que sem dúvidas tornará os aviões mais eficientes e econômicos mais populares."

Neutralidade em carbono, nova oportunidade no mercado chinês

A Embraer anunciou recentemente seu ambicioso plano de redução de carbono, prometendo que alcançará sua meta de operações neutras em carbono até 2040. No entretanto, o governo chinês também anunciou no ano passado que alcançaria meta semelhante em 2060, e para isso deu início a um ajuste em larga escala da estrutura industrial e energética no país.

Para a empresa brasileira, por um início precoce nas áreas de economia de combustível, combustível de aviação sustentável, nova energia e aeronaves elétricas, a conformidade estratégica com a China pode ser uma vantagem.

"Será um ganho recíproco", disse ele, "para as linhas aéreas regionais, os aeronaves mais eficientes, mais amigáveis ao meio ambiente, trarão maiores benefícios econômicos e, para o provável mercado do comércio de carbono na indústria da aviação chinesa no futuro, trará vantagens também."

COMAC, cooperação ou competição?

A COMAC é uma empresa estatal da China, e suas aeronaves ARJ21 e C919 conquistaram uma grande fatia do mercado assim que foram lançadas. Mas a Embraer, uma empresa estrangeira que também se concentra em aviões com menos assentos, não acredita que a competição é a solução no mercado chinês.

"Nossas aeronaves e os da COMAC são, na verdade, complementares. Nossas aeronaves estão entre ARJ21 e C919 em número de assentos. Juntos, podemos fornecer uma solução mais eficientes para atender às necessidades de diferentes linhas", disse Guo.

Embora a empresa brasileira acredite que a competição moderada trará um desenvolvimento saudável para o mercado chinês, Guo também enfatizou que diante da grande demanda no mercado, somente a cooperação é a melhor resposta para expandir o mercado de aviação regional.

"Temos muitos parceiros no mundo e a nossa estratégia estabelecida é de sempre buscar cooperações com os fabricantes em todo o mundo", disse Guo.

Ele mencionou que o número de passageiros da aviação civil da China ultrapassará o dos Estados Unidos em alguns anos, tornando-se o maior mercado de transporte aéreo do mundo, porém, para os fabricantes, devido ao maior número de pedidos, a China já foi o maior mercado.

"Ingressei na Embraer em 2002 e já faz quase 20 anos. Eu testemunhei quase todo o processo de crescimento dessa empresa na China", disse Guo.

"Embora a onda de antiglobalização não tenha diminuído, a China sempre fez questão de se abrir e melhorar sua políticas para o investimento exterior, o que nos trará novas oportunidades, o tempo todo."

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