Lula, restaurador de alianças políticas no Brasil


 Por Osvaldo Cardosa Samón Brasília, (Prensa Latina)

Assim como a alta costura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva costurou alianças e apoio público de diferentes lideranças políticas para as eleições de 2022, em sua recente viagem pelo Nordeste do Brasil.

Na última quinta-feira, Lula encerrou viagem de 12 dias a seis estados da região, onde ampliou a base do Partido dos Trabalhadores (PT) com vistas às próximas eleições.

Esperançoso, o ex-líder operário trocou opiniões com lideranças de partidos de diversas tendências, movimentos sociais, estudantes, indígenas e empresários.

A liderança do PT acredita que Lula cumpriu a missão que foi proposta com a viagem: retomar contatos com ex-aliados, reconstruir as pontes e abrir caminho para apoiar o voto no próximo ano.

Nesse sentido, refere-se a fecundos diálogos com o Movimento Democrático, Social-Democrata e Progressista Brasileiro, bem como negociações com Ciudadanos, Verde e Podemos.

Fontes próximas de sua delegação informaram que, assim como fez nas outras cinco divisões territoriais que visitou na turnê iniciada em 15 de agosto (Pernambuco, Piauí, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte), Lula se esforçou para conhecer projetos na Bahia.

Ele defendeu que tais iniciativas podem ser replicadas em todo o país e, assim, melhorar a qualidade de vida da população.

Em Salvador, capital da Bahia, ele visitou a Policlínica de Narandiba, um dos 25 centros integrados de saúde que o governo de Rui Costa pretende inaugurar até o final de 2022.

Como quando viu os centros de recuperação pós-Covid-19, no Piauí, e a vacinação contra o patógeno no ambiente de trabalho, no Maranhão, o ex-dirigente sindical recomendou que o governo baiano apresentasse a experiência ao governo federal.

Além de apresentar o plano de saúde, Lula conversou com integrantes de organizações sociais e encerrou sua agenda ouvindo os movimentos negros baianos.

'Todas as pautas foram voltadas para aprender com o que está sendo feito em cada estado', afirmou.

Ele insistiu que é necessário falar com as forças políticas e movimentos sociais para que 'possamos discutir a situação e o que fazer para garantir um futuro mais promissor para o povo'.

Diante de lideranças da comunidade negra, o ex-presidente também denunciou a divulgação de notícias falsas contra ele por parte do círculo próximo ao presidente Jair Bolsonaro.

Ele especificou que 'os bolsonaristas estão travando uma verdadeira guerra contra mim na Internet. Dizem que sou parente do diabo (...)'.

Ele esclareceu que 'todos sabem que sou católico, mas quando for candidato todas as religiões serão tratadas com a máxima decência'.

Aviso: 'é inútil dar notícias falsas contra mim, Bolsonaro', frisou.

Em cada escala de sua lucrativa turnê, o fundador do PT convidou brasileiros para trabalhar pela reconstrução do gigante sul-americano e garantiu que isso será possível após a demissão de Bolsonaro.

'Só vamos resolver o problema do Brasil, se não houver impeachment, com o povo tirando o Bolsonaro e colocando alguém democrático para consertar o país', alertou.

O Brasil só sairá da crise atual quando começar a discutir seus reais problemas e deixar de dar importância às loucuras de Bolsonaro, disse ele na Bahia.

Ele citou o uso do Dia da Independência para ganho político como um exemplo dessas disposições.

'O dia 7 de setembro é um dia oficial de comemoração e é desde a Proclamação da República. Bolsonaro está tentando aproveitar. É mais uma besteira. Ele só vive disso', refletiu o ex-presidente.

Considerou que o ex-militar 'está desesperado, inventa histórias todos os dias, conta mentiras, provoca tudo e todos, tenta desacreditar as instituições'.

Mas, alertou, 'é preciso ter a cabeça tranquila, preocupada com este país, com as pessoas, com o emprego, para garantir que a população viva em paz, e não dar muita importância à loucura de Bolsonaro', frisou.

Todas as pesquisas de opinião revelam que a impopularidade do ex-capitão do Exército está em ascensão, o que coincide com o andamento dos trabalhos de uma comissão de investigação do Senado sobre a gestão governamental da Covid-19 que ceifou quase 580 mil vidas perdidas e supera as mais de 20 milhões de infecções.

A intenção de voto de Lula, de 75 anos, se fortaleceu desde que ele recuperou seus direitos políticos em março, depois que um juiz do Supremo Tribunal Federal anulou todas as suas sentenças e possibilitou sua candidatura ao sufrágio presidencial em 2022.

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