Choveu no pico da Gronelândia, é a primeira vez desde que há registos

 Depois de no final de julho ter havido uma onda de calor na região, a chuva, o derretimento de gelo e as temperaturas positivas no ponto mais alto são uma notícia inédita e preocupante.

Por Esquerda.Net - 21 de Agosto, 2021 

Monte Gunnbjørn na Gronelândia. Foto de Nasa Ice/Flickr. 

No passado dia 14 de agosto, pela primeira vez desde que há registos científicos, choveu no cimo do monte Gunnbjørn, o ponto mais alto da Gronelândia, 3.694 metros acima do nível do mar.

Segundo, o National Snow and Ice Data Center (NSIDC) (link is external) durante 13 horas caíram sete mil milhões de toneladas de chuva sobre o gelo. No cume deste monte, a temperatura chegou a 1ºC e esteve, durante nove horas de seguida, acima dos zero graus. É a terceira vez em menos de dez anos que as temperaturas aí ficam positivas. A primeira vez que o fenómeno durou tanto tempo.

A chuva causou um derretimento “massivo” numa área de 872.000 m², alcançando zona em que habitualmente tal nunca acontece.

O calor na Gronelândia faz com que, em algumas zonas, as temperaturas estejam 18º C mais elevadas do que a média desta época. Já no final do mês passado, o norte da região tinha conhecido uma vaga de calor com várias zonas a atingirem o valor inédito de 20 graus positivos, de acordo com dados do DMI, o instituto meteorológico dinamarquês, o que criou um episódio de degelo da calota glaciar da Gronelândia.

O degelo da calota glaciar da Gronelândia está a acentuar-se desde 1990. 2019 foi o ano que bateu o recorde de degelo diário. Apesar disso, em julho de 2021, a quantidade de território afetada foi ainda maior. Segundo o Polar Portal, um instrumento de modelização criado pelos institutos de investigação dinamarqueses, o degelo de julho foi de oito mil milhões de toneladas por dia, o dobro da média do período de verão, suficiente para cobrir com cinco centímetros de água toda a superfície do estado norte-americano da Florida, ilustra o Polar Portal a título de exemplo.

Se a calota glaciar da Gronelândia derretesse totalmente, os oceanos subiriam entre seis a sete metros. Ao ritmo atual do aquecimento global, segundo um estudo europeu publicado em janeiro passado, só o derretimento do gelo da Gronelândia vai contribuir para elevar o nível dos oceanos entre 10 a 18 centímetros até 2100.

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