Nassif: A atuação predatória dos bancos sobre os endividados

Por Luis Nassif - no GGN - 22/07/2021

 Nem com o avanço das fintechs, nem com o desgaste na imagem, o sistema financeiro mudou os hábitos predadores em períodos de inadimplência.

Foi assim na grande crise de 1999, de 2008, de 2016 e agora. Os clientes afundam em linhas de crédito onerosas. Em vez de facilitar a negociação para linhas de crédito mais acessíveis, os bancos deixam-nos prisioneiros das linhas de maior custo. Mais à frente, quando o cliente estoura há uma corrida para ver quem se apropria mais rapidamente das garantias oferecidas.

No final da crise de 2016, percebendo o enorme desgaste sofrido pelo setor, a Federação Brasileira dos Bancos Comerciais (Febraban) recomendou aos bancos que orientassem os gerentes a renegociar a dívida dos clientes trocando para linhas de crédito mais acessíveis.

Agora, em plena crise do Covid-19, mantém-se a velha prática predatória.

Os dados abaixo foram retirados da pesquisa mensal da Confederação Nacional do Comércio. Confira.

Aqui, o gráfico sobre endividamento familiar. 9,4% das famílias estão muito endividadas e 20,3% mais ou menos endividadas.

Entre as endividadas, o percentual de comprometimento da renda. 15,6% comproimetem mais de 50% da renda atual com pagamento de dívidas.

Por isso, 18,1% das famílias estão com conta em atraso.

Sendo que 28,6% não terão condições de pagar as dívidas.

De um ano para cá, aumentou o percentual do crédito pessoa física em cartão de crédito (de 75,3% para 82,6% e cheque especial (6,3% para 6,8%) e cheque pré datado (de 0,4% para 0,8%). Caiu o crédito consignado (de 8,5% para 6,1%).

EM um gráfico mais claro, essa é a composição do crédito para pessoa física.

Agora, confira o custo do dinheiro, segundo levantamento do Banco Central brasileiro, dividido entre a menor e a maior taxa das instituições pesquisadas. De longe, os maiores custos são o cartão de crédito, e o cheque pré-datado.

A menor taxa do crédito especial é de 58,5% ao ano e do cheque especial é de 25,99% ao ano.

E, aqui, a comparação entre o início da série, em julho de 2010 e a situação atual. Por esse indicador, acima de 100 significa positivo, abaixo, significa negativo.

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