Lula sugeriu negociações Cuba-EUA para acabar com o bloqueio

Brasília, 30 jul (Prensa Latina)

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de uma mesa de negociações entre Cuba e os Estados Unidos para levantar o bloqueio e impedir as tentativas de um país de interferir no outro.

Durante a primeira parte de uma entrevista concedida ao Canal Once do México e transmitida aqui na TVT 247, o fundador do Partido dos Trabalhadores afirmou que 'temos que entender 60 anos de bloqueio. Há muito ódio acumulado pelos cubanos em Miami contra os cubanos em Cuba'.

Ele ressaltou que, se não houvesse um cerco de ferro por Washington, 'Cuba poderia ser como a Noruega, a Holanda ou a Suíça. Porque tem pessoas muito qualificadas'.

Considerou que ao invés de exacerbar os protestos e anunciar novas restrições, o Presidente dos EUA Joe Biden deveria ter suspendido as 243 medidas coercitivas adotadas por seu antecessor, Donald Trump, contra a ilha.

Lula declarou-se um admirador da Revolução Cubana e recomendou que Biden 'jogasse fora o ódio acumulado ao longo de 60 anos e pedisse ao governo cubano que falasse'.

'Vamos tentar por uma solução negociada. E veja o que pode ser feito para remover o bloqueio', observou ele.

As negociações teriam como objetivo acabar com o cerco econômico, comercial e financeiro dos EUA contra a ilha, que dura mais de seis décadas.

O ex-dirigente trabalhista também apelou para uma maior integração entre o México e outros países da América Latina, incluindo o Brasil. Disse que a cooperação entre os países da região é importante para contrariar o domínio dos Estados Unidos no continente e também para melhorar as condições de negociação com outros blocos, como a União Europeia, e potências como a China.

'Se agirmos como um bloco, estabelecendo uma parceria, sem a hegemonia de um país sobre outro, podemos criar um bloco extraordinário e economicamente forte de mais de 400 milhões de seres humanos', explicou ele.

Neste sentido, Lula defendeu o aprofundamento do intercâmbio econômico, tecnológico e educacional entre brasileiros e mexicanos, mas admitiu que no momento é difícil devido à ação do Presidente Jair Bolsonaro.

Esclareceu que 'enquanto temos um bom presidente no México, que é (Andrés Manuel) López Obrador, não temos um bom presidente no Brasil'. Na verdade, somos governados por um homem genocida', em referência à má administração da Covid-19 por Bolsonaro, que alegou até hoje cerca de 555 mil mortes.

A segunda parte da entrevista com Lula no Canal Once do México será transmitida na próxima semana.

oda/ocs/bm/cvl

Comentários