Sanções dos EUA contra Huawei ajudam outra empresa chinesa a conquistar mercados
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EUA justificam sanções à Huawei alegando que seu equipamento 5G vendido globalmente poderia ser usado por Pequim para espionagem. Governo chinês e gigante tecnológico negam as insinuações.
A estratégia da Casa Branca para enfraquecer a posição da Huawei no mercado global aparentemente conduziu a resultados inesperados, ao colocar outra tecnológica chinesa, a Xiaomi, no topo das vendas de smartphones.
As sanções norte-americanas, implementadas pela primeira vez contra a Huawei em 2019, impediram a empresa de usar a Google Play, a loja oficial de aplicativos do Google, em seus novos modelos, o que levou a uma queda nas vendas de seus celulares em todo o mundo.
A empresa sediada em Shenzhen anunciou posteriormente planos para substituir os aplicativos do Google, mas continua sem alternativas e já alertou que 2020 pode ser um ano difícil em termos de resultados financeiros.
Huawei desce, Xiaomi cresce
Apesar de a Huawei continuar mantendo sua posição no mercado interno, ofuscando empresas como a Xiaomi, esta última aproveitou os problemas de seu concorrente e logrou impulsionar drasticamente suas exportações, que já representam metade da sua faturação.
Segundo a Forbes, a Xiaomi aparentemente assumiu o papel da Huawei como fornecedora de smartphones de alta gama mais baratos, ganhando mais quota de mercado em 2019 do que aquele que a Huawei perdeu no mesmo ano.
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Três modelos de celulares da Xiaomi
A receita da Xiaomi no mercado externo cresceu 30% em 2019, chegando a 40% no quarto trimestre. No mercado europeu, a empresa apresentou um crescimento de 115% no último trimestre do ano passado, observa a Forbes.
Seu crescimento anual atingiu números impressionantes em alguns países da UE, crescendo 206% na Itália, 69% na França e 65% na Espanha.
A Xiaomi também se saiu bem na Ásia. No ano passado, ela elevou sua quota de mercado na Índia para 30%, de acordo com a Forbes.
Medidas punitivas dos EUA contra a Huawei
A campanha de sanções de Washington contra a Huawei, que aparentemente levou a Xiaomi ao topo de vendas, começou em 2019, quando a Casa Branca anunciou a proibição da venda de tecnologias e componentes americanos para o gigante tecnológico baseado em Shenzhen, incluindo software e chips.
A administração Trump também começou a pressionar países estrangeiros para não comprarem os equipamentos 5G da Huawei, mas com sucesso limitado.
O governo dos EUA alega que a Huawei deixa backdoors em seus equipamentos para permitir que Pequim espie seus usuários, apesar de tanto o governo chinês quanto o gigante tecnológico negarem veementemente tais alegações.
A Huawei teria mesmo entrado com uma ação contra Washington, alegando se tratar de uma tentativa para eliminar um forte concorrente.
Pequim, por sua vez, prometeu que a campanha norte-americana contra a empresa chinesa não ficaria sem resposta, ponderando a proibição do uso de software dos EUA em agências governamentais chinesas, que representam um grande mercado para a indústria americana de TI.