Polícia do Paraná reprime mobilização de servidores contra reforma da Previdência no estado

DIÁLOGO PRA QUÊ?

Ação da Tropa de Choque ocorreu dentro da Assembleia Legislativa. Deputados ficaram no plenário para impedir massacre de trabalhadores

Os servidores que teriam de ficar apenas no 2º andar das galerias da Assembleia, ocuparam os dois andares e tentaram entrar no Plenário, quando as Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas entraram no prédio usando de violência
Servidores públicos do Paraná, em greve contra a reforma da Previdência do governador Ratinho Júnior (PSD), ocuparam o prédio da Assembleia Legislativa na tarde da terça-feira (3). A ação ocorreu depois que a presidência da Casa limitou em 250 o número total de pessoas que poderiam acompanhar a sessão de votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de reforma da Previdência do estado.
Os servidores que teriam de permanecer apenas no segundo andar das galerias da Assembleia ocuparam os dois andares e tentaram entrar no plenário, quando as Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas, conhecidas como Rotam, entraram no prédio da Assembleia paranaense e atuaram com brutalidade contra os trabalhadores.
Enquanto a Tropa de Choque da Polícia Militar invadia o local para impedir que servidores protestassem contra a reforma, a sessão foi encerrada, mas ficaram no plenário, para impedir uma carnificina da polícia contra os servidores, os deputados do PT Tadeu Veneri, Professor Lemos, Arilson Chiaorato e Luciana Rafagnin e o deputado do MDB Requião Filho.
“Mesmo depois da ocupação pacífica e da sessão suspensa, dentro da Assembleia Legislativa, policiais continuam atacando servidores e servidoras com gás e spray de pimenta. Há informações de que um professor está preso, outros dois (um professor e uma professora) estão hospitalizados e três pessoas foram atendidas pelas equipes de saúde com problemas nos olhos causados pelo spray de pimenta”, lamentou o deputado Dr. Rosinha, presidente do PT do Paraná.
Hoje seria o último dia de apresentação de emendas e poderia ser votada a constitucionalidade da PEC, mas a ação dos servidores derrubou a sessão e vários assessores foram convidados a se retirar do local.
Professores, com apoio dos alunos, funcionários das escolas e servidores públicos de todas as áreas estão de braços cruzados desde a segunda-feira (2) para lutar contra essa PEC de reforma da Previdência do estado. A mobilização desta terça foi convocada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES), com ato na parte da manhã em uma praça no centro da cidade e outro à tarde, em frente à Assembleia.
A PEC de Ratinho Júnior, assim como a “reforma” da Previdência do governo de Jair Bolsonaro, aumenta o percentual de contribuição e o tempo de serviço e reduz valor da aposentadoria dos servidores públicos, estabelece idade mínima para aposentadoria de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens), tempo mínimo de contribuição de 25 anos e 10 anos de serviço público e cinco no cargo para quem ainda não entrou no serviço público.
Para quem já é servidor, existem regras de transição, como idade mínima em um primeiro momento de 56 anos para mulheres e 61 para homens. No caso dos professores, serão cinco anos a menos de exigência.
O governador encaminhou também dois projetos que vão tramitar pelas comissões técnicas do Legislativo: um eleva de 11% para 14% a alíquota de contribuição dos servidores ao Paraná Previdência, e outro regulamenta mudanças no plano complementar de previdência do funcionalismo.
A justificativa do governo para encaminhar as propostas na penúltima semana de novembro, portanto, antes de o Senado concluir a votação da PEC Paralela – que inclui estados e municípios na reforma da Previdência federal – foi não ter segurança de que a matéria, que agora segue para a Câmara Federal, seja votada pelos deputados em 2020, ano de eleições municipais.
Confira vídeo que mostra a ação da polícia no Plenário: