O velho está morto, mas o novo ainda não nasceu

Por Sergio Saraiva - 13/10/2019

Esta semana, dois acontecimentos mostraram como fatos políticos podem envelhecer da noite para o dia

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Na sexta-feira, dia 11 de outubro de 2019, buscando criar repercussão midiática, dois brutamontes invadiram o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Eram os mesmos que apenas messes antes haviam sido eleitos deputados federais cavalgando o pior reacionarismo de direita – os tais que quebraram a placa em homenagem a Marielle Franco.
Estavam lá as mesmas camisetas coladas de modo a exibir bíceps e truculência. O mesmo discurso seboso de “doutrinação marxista”. A mesma arrogância de quem acredita que não precisa prestar contas dos seus atos.
Foram postos para correr pelos alunos. Adolescentes expulsando os valentões de quarteirão.
Foi patético ver os grandalhões tentando digladiar argumentos com uma menina de uns 16 anos. Levaram uma surra – um passa moleque. Tentaram o último recurso da intimidação com suas câmeras e selfies – coisas da década passada – não foram sequer notados.
No fim, escorraçados como “deputados da milícia”. Sorrisos amarelos e cara de bundões.
Estavam transformados em dois tiozões. Os meninos levaram-lhes a notícia: eram velhos.
No domingo, dia 13 de outubro de 2019, a entrevista de Ciro Gomes para a Folha de São Paulo.
O que foi aquilo? O político velho vomitando seus ressentimentos e derrotas. Todas elas no ontem. Nenhuma proposta de amanhã. O homem que acordou e descobriu que havia outro em seu lugar. Um tal de Luciano Huck. Que nada tem de novo – é o velho Collor de Mello.
O velho morreu e o novo ainda não nasceu. Vivemos esse momento.
E em São Paulo, Datena e Russomano se apresentam como candidatos à prefeito para 2020.
Alguns cadáveres realmente se recusam a baixar ao túmulo. Mas o novo necessita de seus lugares sobre a terra para seguir em frente.