Belluzzo: "A genealogia capitalista do golpe e um programa capaz de derrotá-lo"
Entrevista exclusiva com o Professor e economista Luiz Gonzaga Belluzzo
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E explica o significado e consequências devastadoras da onda de privatizações - "...vamos vender todas as estatais; o Presidente quer vender uma por semana..." - anunciada nesta segunda-feira pelo ministro Guedes.
Entrevista exclusiva a Saul Leblon e Carlos Tibúrcio, para a Web Radio Carta Maior
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'O que vivemos hoje é um capitalismo entregue aos seus próprios instintos.
'As reservas financeiras do ciclo Lula/Dilma permitem resgatar a democracia, a dignidade e o emprego'
'A desregulamentação financeira soltou o bicho. O que é o bicho? É o capitalismo entregue aos seus próprios instintos'.
'Muitos ainda acreditam que os agentes desse enredo são racionais e se organizam para produzir da melhor forma possível.'
'Marx e Keynes já explicaram 'olha, não é assim. ..' O objetivo dessa economia é produzir riqueza monetária. A produção real virou um estorvo, e isso é terrível'.
'Por quê? Porque você vai aproximando os tempos e as formas da produção de mercadorias, da rapidez com que se produz a riqueza monetária. Você reduz o tempo e espreme o espaço de todas as dimensões sociais. Isso é a globalização.'
'O meio ambiente é a principal vítima dessa aceleração do tempo e desconsideração com o espaço.'
'Veja o caso da Amazônia. A idéia de que é preciso liberar os produtores das restrições e constrangimentos produziu o quê? Produziu uma devastação.'
'Esse móvel destrutivo ocorre também no mercado de trabalho. No mundo inteiro --e no Brasil pior, as pessoas estão apavoradas com o avanço do trabalho precário o emprego com tempo parcial. Aí o governo vem e faz uma reforma trabalhista que agrava tudo isso.'
'Os empresários não tem capacidade de se colocar acima disso para enxergar o conjunto da obra. Eles só enxergam o interesse individual aparentemente vantajoso, o que é um equívoco inclusive para eles.'
'A financeirização busca os estoques já existentes de riqueza. As privatizações são o caso clássico de rentismo.'
'Essa economia é uma economia que busca maximizar o valor monetário; não importa qual seja a forma.'
'A cebola tem várias camadas, no centro está a relação de produção entre o capital e o trabalho na atividade produtiva. Aí se dá a transformação da economia monetária da produção em economia da produção monetária.'
'Você não tem insuficiência de consumo, mas de capital produtivo.'
'A gente não pode esquecer que o keynesianismo sucede a um período de grande destruição de riqueza, que foi a Depressão e a Guerra.'
'O Brasil teria supostamente mais liberdade que a Argentina...'
'Está mais que comprovado que você tem que estabilizar e recuperar a renda e o emprego.'
'Se você chegar hoje e disser o seguinte meu programa é emprego e renda..."
'Essa é a mensagem que você tem que passar, não tem outra.'