Gilmar a Dodge: CNMP não funciona contra procuradores como Dallagnol
CNMP "tem sido muito ágil para, por exemplo, fazer extensão de vantagens salariais. Mas muito lento quando se trata de punir seus próprios", disparou o ministro
Jornal GGN - 05/08/2019
Jornal GGN - 05/08/2019
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, rebateu nesta segunda (5) a fala da procuradora-geral da República Raquel Dodge, que atacou a Suprema Corte no final de semana, ao dizer que o inquérito das fakenews – que pode vir a render punição para alguns dos abusos praticados na Lava Jato – é digno de um tribunal de exceção.
“A rigor, nunca ninguém disse que os inquéritos feitos pelo Ministério Público são inquéritos de tribunal de exceção. Agora há um problema aqui que não está sendo considerado, que é relevante. A dificuldade que se tem de fazer investigação relativa a membros do Ministério Público. Essa é uma questão séria”, disparou Gilmar.
Na visão do ministro, o Conselho Nacional do Ministério Público – onde Deltan Dallagnol responde por várias ações – “funciona muito mal”. “A Corregedoria do Ministério Público praticamente não funciona. (…) Quem vigia o guarda neste caso? Os mal-feitos cometidos por procuradores são investigados por quem? Essa é uma questão que precisa ser respondida. É preciso que haja investigação”, comentou Gilmar.
O magistrado ainda ironizou os interesses corporativos do CNMP dizendo que o órgão “tem sido muito ágil para, por exemplo, fazer extensão de vantagens salariais. Mas muito lento quando se trata de punir seus próprios.”
“Organizações incumbidas de investigação que estão abusando. E quem investiga? Portanto, essa é uma questão fundamental. Este inquérito [das fakenews] tenta pôr cobro (acabar com) a isso, naquilo que diz respeito a ataques ao Supremo Tribunal Federal. Portanto, nada de tribunal de exceção.”
Na semana passada, a imprensa noticiou que o STF pode criar caminhos para afastar Dallangol da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba usando o inquérito das fake news.
Após a notícia, Dodge requereu a suspensão da investigação, alegando que o STF não tem dado acesso pleno ao Ministério Público Federal, entre outros pontos. O inquérito está sob relatoria de Alexandre de Moraes.