Gilad Atzmon: Lisboa, a Nova Jerusalém?

Data de publicação em Tlaxcala: 29/08/2019


Gilad Atzmon جيلاد أتزمون گيلاد آتزمون 
Traduzido por  Coletivo de tradutores Vila Mandinga

Introdução  por GA: Em 2015, os governos de Espanha e Portugal aprovaram leis para permitir que descendentes de judeus sefarditas requeiram cidadania e passaporte. Quatro anos depois, ficamos sabendo que a imprensa israelense proclamara que “milhões” de judeus israelenses podiam requerer cidadania portuguesa.
Adiante, o artigo israelense [orig. hebraico, aqui retraduzido, do inglês ao português, NTs] é imagem clara da psique israelense. Segundo o artigo, 2.200 israelenses solicitam, a cada mês, a cidadania portuguesa, não porque sejam admiradores entusiastas de Portugal, sua cultura, história, idioma, legado universal, nem porque planejem viver lá nem, Deus os livre!, conviver com os locais, mas principalmente por causa das excelentes oportunidades oferecidas pelo mercado imobiliário português. Aparentemente, a única exigência a que um israelense tem de atender, para obter a cidadania portuguesa é ser aprovado pela comunidade de judeus portugueses.

O artigo mostra quadro perturbador, de mentalidade profundamente parasitária. Segundo o artigo de Real Invest israelense, “há milhões de cidadãos israelenses qualificados para receber passaporte português.”

Curioso é que israelenses, que veem como justo o próprio direito de retornar a Portugal ou Espanha depois de uns poucos séculos, não vejam que palestinos, que ainda guardam as chaves das próprias casas que lhes foram roubadas em Jafa, Lod e Haifa, e que possuem títulos de propriedade, não possam voltar para a própria terra deles.

Além disso, se esses “milhões de israelenses” são sinceros na intenção de obter cidadania portuguesa e retornar a Portugal, o conflito Israel/Palestina deve ser resolvido em semanas.

Infelizmente, o mais provável é que a pacífica terra portuguesa seja convertida numa nova Palestina.

E fica-se a conjecturar onde estará localizada a nova Gaza para todos os refugiados indígenas portugueses que se recusem a se deixar conter na nova terra outra vez prometida para judeus.

PASSAPORTE PORTUGUÊS
Investidores israelenses descobrem
a grande oportunidade de negócio de 2019
Real Invest, Israel
O número de requerimentos de passaportes portugueses quebra todos os recordes, mas não se trata só de jovens (israelenses) em busca de novas experiências. Há também muitos empresários e investidores, que requerem a cidadania como alavanca para novos negócios em todo o continente (europeu).

Em anos recentes temos noticiado aumento de centenas no percentual de israelenses que requerem passaportes portugueses. O passaporte que garante cidadania europeia, abre as portas para residência no continente, liberdade de movimento nos países da União Europeia, ensino gratuito, muitas oportunidades de trabalho e o direito de entrar e sair livremente em muitos países em todo o mundo, inclusive nos EUA. Assim sendo, não surpreende que o número de pedidos de passaportes esteja quebrando recordes, e que em breve dezenas de milhares de israelenses já terão recebido passaporte português.

A lei que dá aos israelenses a oportunidade de obter cidadania portuguesa não inclui burocracia ou exigências complexas, como conhecimento do idioma ou residência no país. Só há uma exigência básica: o candidato tem de ter seu pedido aprovado pela comunidade de judeus locais, à qual caberá reconhecer que o candidato seja descendente de expatriados espanhóis e portugueses.

Muitos israelenses compreendem a oportunidade que a nova lei abre para eles, e já se movimentam para colher a chance. Em 2017, cerca de 700 requerimentos de cidadania foram apresentados mensalmente; em 2018, a média mensal saltou para 2.200 – três vezes mais empresários, empresas de alta tecnologia e investidores no mercado imobiliário que compreendem o potencial econômico da cidadania europeia.

Para empresários que operam na Europa e respectivos investidores, um passaporte português permite a expansão de oportunidades de emprego e de investimento. Podem também realocar os próprios negócios para qualquer país da União Europeia, trabalhar sem visto de trabalho e usufruir benefícios nos impostos e condições bancárias especiais das quais gozam todos os cidadãos europeus.

Portugal chamou a atenção de empresários israelenses como país que se recuperou de turbulentas crises financeiras e hoje oferece muitas oportunidades de investimento e negócios – especialmente na indústria imobiliária.

Nos últimos quatro anos, Portugal mostrou significativa recuperação econômica acompanhada de crescimento; a base da recuperação foram reformas promovidas pelo governo, que levaram a grande boom na indústria do turismo, e aumento na confiança de investidores e empresários. Só em 2018, Portugal recebeu 21 milhões de turistas vindos de todos os cantos do mundo.

Os preços da moradia subiram muito no país, mas ainda não chegaram ao máximo, e ainda há oportunidades. O mercado imobiliário português é mercado em crescimento, a demanda supera a oferta e há expectativas de que os preços continuem a subir – o que indica que os investidores podem contar com lucros significativos.

As maiores cidades do país, Lisboa e Porto, estão no foco da atenção dos investidores. A maior demanda é por pequenos apartamentos que também podem ser alugados por períodos curtos aos milhões de turistas que visitam o país anualmente; e os investidores obterão ganhos mensais interessantes, desses aluguéis. E o país ainda tem outras excelentes oportunidades no mercado imobiliário que podem aumentar consideravelmente de valor, em apenas poucos anos.

Estima-se que o investimento no mercado imobiliário português venha a gerar quase duas vezes o retorno mensal do investimento em Israel, especialmente porque os que recebam passaporte português podem usufruir vantagens dos bancos portugueses, em termos de empréstimos para financiar a compra, e benefícios fiscais – detalhes que são cuidadosamente analisados antes de qualquer investimento.
Portugalis, a maior empresa em Israel especializada em encaminhar requerimentos de cidadania portuguesa, explica que há, sim, aumento dramático no número de investidores e empresários interessados em iniciar o processo. A avaliação das possibilidades de sucesso caso a caso é oferecida gratuitamente em Israel. Nos casos em que se confirma a possibilidade de obter a cidadania, inicia-se imediatamente o processo oficial, com encaminhamento do pedido à comunidade de judeus portugueses, para que o candidato seja, ou não, oficialmente reconhecido descendente de expatriados portugueses ou espanhóis. Depois desse reconhecimento, o processo burocrático prossegue dentro do governo português e exige aproximadamente dois anos. Depois dessas etapas, o requerente israelense recebe a cidadania portuguesa – a qual converte o requerente em cidadão de um dos países da União Europeia.

“Temos cinco braços em Israel e mais um braço em Portugal” – diz o advogado Yossi Yitzhak, principal executivo da Portugalis e fundador da empresa. “Podemos cuidar do processo em todas as etapas. O braço em Portugal encarrega-se de se manter em permanente contato com a comunidade de judeus portugueses e com os funcionários envolvidos. Nos mantemos atualizados quanto às mudanças profissionais e às inovações que têm a ver com nosso campo e com o acompanhamento ativo dos pedidos em Portugal. Assim vamos obtendo resultados de sucesso para todos que usam nossa empresa.”

Diferente de outras empresas e advogados que trabalham nesse campo, a Portugalis mantém um apartamento dedicado a cada estágio do processo, incluindo um braço em Lisboa que trabalha junto à burocracia portuguesa, onde mantemos vários funcionários que têm experiência e expertiseacumuladas ao longo de anos de trabalho fazendo avançar o processo e resolvendo os obstáculos que surjam em pontos críticos. “Nossa expertise é específica: só nos dedicamos a processos de requerimento de passaportes portugueses – todos nossos recursos são dirigidos ao objetivo de maximizar a eficiência do processo para os milhares de clientes que decidam iniciar e prosseguir conosco o processo. Nosso trabalho já se comprovou eficiente em campo” – diz o advogado Yitzhak.

Estima-se que em Israel haja milhões de cidadãos qualificados para receber passaporte português, como descendentes de judeus espanhóis concentrados principalmente no norte da África (Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito), nos Bálcãs (Grécia, Bulgária, a extinta Iugoslávia), Turquia e América do Sul.
Uma das razões para a demanda crescente de passaportes portugueses no momento é a compreensão de que a legislação é hoje leniente e pode mudar, com Portugal decidindo impor restrições ao processo e aumentar as exigências burocráticas. “É uma rara oportunidade que pode expirar a qualquer momento, porque se sabe que as leis mudam e sabe-se de estados que criaram políticas duras de imigração. Hoje, à luz da política leniente de Portugal em relação a israelenses, os descendentes de judeus espanhóis e portugueses expatriados estão em condições de obter passaporte português e em seguida também a cidadania, mas não é certo que os seus descendentes sejam capazes de o fazer”, conclui o advogado Yitzhak.






Muito obrigado a Tlaxcala
Fonte: https://gilad.online/writings/2019/8/27/is-lisbon-the-new-jerusalem
Data de publicação do artigo original: 27/08/2019