Abertura da 18ª Jornada de Agroecologia destaca alternativas ao agronegócio

Ato político-cultural contou com apresentações culturais e místicas do coletivo de juventude do MST


Teatro da reitoria da UFPR ficou lotado na noite desta quinta-feira (29) - Créditos: Foto: Lia Bianchini
Teatro da reitoria da UFPR ficou lotado na noite desta quinta-feira (29) / Foto: Lia Bianchini
Com músicas, místicas e apresentações culturais, o coletivo de juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), deu início ao ato político-cultural de abertura da 18ª Jornada de Agroecologia na noite desta quinta-feira (29). 
O evento reúne dezenas de produtores rurais com o objetivo de trocar experiências e debater a produção e o cultivo de produtos agroecológicos. Durante os quatro dias da Jornada, as diversas atividades, formações e oficinas acontecem nas dependências da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Com as frases “o agro não é pop, o agro é fogo”, os jovens sem-terra criticaram a utilização do veneno pelo agronegócio, relembrando que o setor também patrocina ações violentas como as queimadas que estão destruindo a Amazônia nas últimas semanas.
Presente na abertura da 18ª Jornada, a atriz Guta Stresser declamou um texto de sua autoria comemorando a realização do evento. 
“A agroecologia toca as diversas esferas da vida. Se constitui como prática social, como luta, como ciência. Produz alimentos saudáveis, fortalece a saúde, cuida da terra. Preserva as águas, resgata e valoriza os conhecimentos e práticas ancestrais. Exige que o Estado se responsabilize na execução de políticas e programas. Por uma terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos, cultivando a biodiversidade e colhendo a soberania alimentar, construindo um projeto popular para a agricultura. Viva as jornadas de agroecologia", declamou a atriz. 
O ato político-cultural também contou com a presença de Leandro Gorsdorf, pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPR, que saudou o espaço e os organizadores do evento. Após as místicas do coletivo de juventude do MST, ele afirmou que enxerga a cultura e a juventude como as grandes forças que podem transformar o mundo.
Para Gorsdorf, a lógica de perseguição aos movimentos sociais do campo e da cidade é a mesma que tenta calar o pensamento crítico inerente às universidades.
“Todo esse processo de retrocesso de direitos, da devastação da Amazônia, da atuação contra as comunidades tradicionais, de liberação de agrotóxicos, está na mesma ordem de todo o processo que ataca as universidade públicas. Esse processo está articulado por entenderem que a universidade pública é e sempre será um lugar de liberdade de pensamento e expressão. A jornada de agroecologia não poderia ser em outro lugar senão dentro dessa casa que é a universidade”, frisou o pró-reitor.
Olympio de Sá Sotto Maior, procurador de Justiça e coordenador da área de Direitos Humanos do Ministério Público do Paraná (MP-PR), também prestou solidariedade ao evento. 
Para ele, a agroecologia é mais do que uma forma saudável do cultivo da terra, mas também uma forma de pensar outra sociedade. O promotor ainda assegurou que os movimentos do campo podem contar com o Ministério Público do estado para apoiar projetos voltados à educação no campo.
“Precisamos de uma sociedade que seja progressivamente melhor e mais justa. Precisamos da escola que tome partido, que tome partido a favor da democracia, da justiça social. Precisamos da escola que resista a esse momento de tragédia anti-civilizatória”, declarou Maior. 
Já Ceres Hadich, da coordenação nacional do MST, comemorou que a Jornada da Agroecologia tenha chegado à sua maioridade envolvendo diferentes gerações em defesa da vida. 
Pessoas que, segundo ela, buscam construir a agroecologia como um propósito de vida em um mundo no qual o agronegócio se demonstra cada vez mais insustentável. 
“Esse modelo mata, queima e destrói. Ele expulsa, violenta, corrompe. É incapaz de conviver com outros, incapaz de cooperar. Por isso precisamos denunciar o agronegócio, que é a expressão do capitalismo no campo”, defendeu.
A dirigente comentou ainda que a Jornada de Agroecologia reúne exemplos reais de alternativas consistentes contra os agrotóxicos.
“É uma nova possibilidade de vida pro mundo e pra classe trabalhadora. Um projeto emancipatório, libertador e transformador. Quando anunciamos nossos lemas na Jornada, ’terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos’, estamos construindo um projeto popular e soberano de agricultura”, ressaltou Hadich. 
Edição: Rodrigo Chagas