Pesquisador diz que milicianos são 'intocáveis' por estarem dentro da polícia
por Redação RBA publicado 16/04/2019
TRAGÉDIA NA MUZEMA
José Claudio Souza Alves explica que as milícias no Rio de Janeiro atuam por dentro da estrutura do Estado. "Eles não são atingidos por operações da polícia porque são eles mesmos”
TRAGÉDIA NA MUZEMA
José Claudio Souza Alves explica que as milícias no Rio de Janeiro atuam por dentro da estrutura do Estado. "Eles não são atingidos por operações da polícia porque são eles mesmos”
CENTRO DE OPERAÇÕES DA PREFEITURA DO RIO
Acusado pelo MP de ser o chefe da milícia em Muzema, o major Ronald Pereira já foi homenageado por Flávio Bolsonaro
São Paulo – Autor do livro Dos Barões ao extermínio: uma história da violência na Baixada Fluminense, José Claudio Souza Alves é taxativo ao afirmar que a impunidade dos grupos milicianos é decorrente da sua própria penetração nas esferas do poder público. Na última sexta-feira (12), dois prédios construídos por milicianos desabaram na Muzema, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Até o momento, 16 pessoas morreram e oito permanecem desaparecidas. A região é uma entre tantas áreas dominadas pelas milícias no Rio de Janeiro.
“A gente sabe que a milícia tem esse poder todo porque ela atua por dentro da estrutura do Estado, são agentes de segurança pública, são pessoas diretamente envolvidas com o poder do Estado, que têm acesso a informações privilegiadas. Eles são intocáveis, não são atingidos por operações da polícia porque são eles mesmos”, explica José Claudio, também professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.
Segundo ele, vender bens e serviços para moradores das comunidades carentes faz parte da estratégia das milícias, uma prática recorrente que agora tem se sofisticado ao incluir a construção de prédios e venda de imóveis. “Eles acabam controlando esses mercados e impondo isso às populações e aos grupos onde eles controlam militarmente a área”, afirma.
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