Pepe Escobar: Bamiyan, Babilônia, Palmira, Notre-Dame
Data de publicação em Tlaxcala: 16/04/2019 Original: Bamyan, Babylon, Palmyra, Notre-Dame Traduções disponíveis Français Español Italiano
Por Pepe Escobar - 16/04/2019
Traduzido por Coletivo de tradutores Vila Mandinga
Omar Al Abdallat, Jordânia |
Os Budas de Bamiyan foram destruídos por uma seita intolerante que fingia seguir o Islã. O budismo em toda a Ásia chorou, enlutado. O ocidente praticamente nem tomou conhecimento.
As ruínas sobreviventes de Babilônia e o museu que lá está (estava) foram ocupados, saqueados e vandalizados por uma base de US Marines durante a ‘operação’ “Choque e Pavor”, em 2003. O ocidente praticamente nem tomou conhecimento.
Grandes partes de Palmira – oásis legendário da Rota da Seda – foram destruídas por outra seita intolerante que fingia seguir o Islã, com a retaguarda protegida por camadas e camadas de ‘inteligência’ ocidental. O ocidente praticamente não deu atenção.
Incontáveis igrejas católicas e ortodoxas na Síria foram queimadas até virar cinza, pela mesma seita intolerante que fingia seguir o Islã, com a retaguarda protegida e com armas fornecidas, dentre outros, por EUA, Grã-Bretanha e França. O ocidente absolutamente não deu atenção alguma.
Notre-Dame, que em muitos sentidos pode ser apresentada como a Matrix do ocidente, foi parcialmente consumida por fogo dado, teoricamente, por não intencional [ing. blind fire].
Especialmente a cobertura; madeirame de carvalho, em algumas áreas datando do século 13. Metaforicamente, pode ser interpretado como o telhado que cobre as cabeças coletivas do ocidente, que incendiou-se e sumiu.
Karma ruim? Até que enfim?
*
Grandes partes de Palmira – oásis legendário da Rota da Seda – foram destruídas por outra seita intolerante que fingia seguir o Islã, com a retaguarda protegida por camadas e camadas de ‘inteligência’ ocidental. O ocidente praticamente não deu atenção.
Incontáveis igrejas católicas e ortodoxas na Síria foram queimadas até virar cinza, pela mesma seita intolerante que fingia seguir o Islã, com a retaguarda protegida e com armas fornecidas, dentre outros, por EUA, Grã-Bretanha e França. O ocidente absolutamente não deu atenção alguma.
Notre-Dame, que em muitos sentidos pode ser apresentada como a Matrix do ocidente, foi parcialmente consumida por fogo dado, teoricamente, por não intencional [ing. blind fire].
Especialmente a cobertura; madeirame de carvalho, em algumas áreas datando do século 13. Metaforicamente, pode ser interpretado como o telhado que cobre as cabeças coletivas do ocidente, que incendiou-se e sumiu.
Karma ruim? Até que enfim?
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Agora, de volta ao xis da questão.
Notre-Dame é propriedade do estado francês, que dá pouca ou absolutamente nenhuma atenção a uma joia gótica que atravessou oito séculos.
Fragmentos de arcadas, das quimeras, dos relevos, das gárgulas vivem caindo no meio da rua e são guardadas num depósito improvisado nos fundos da catedral.
Só no ano passado, Notre-Dame ganhou um cheque de 2 milhões de euros para restaurar a agulha – que ontem queimou inteira.
A restauração de toda a catedral custaria 150 milhões de euros, segundo o maior especialista mundial em Notre-Dame, que acontece de ser um norte-americano, Andrew Tallon.
Recentemente, os responsáveis pela custódia da catedral e o estado francês estiveram realmente em guerra.
O estado francês recolhia no mínimo 4 milhões de euros por ano só dos turistas que pagam para entrar nas Torres Gêmeas (do Sino), mas só repassava 2 milhões para a conservação de Notre-Dame.
O reitor de Notre-Dame recusou-se a cobrar entrada de quem vem à catedral – como se faz, por exemplo, no Duomo em Milão.
Notre-Dame basicamente sobrevive de doações – que pagam o salário de apenas 70 empregados aos quais cabe não apenas supervisionar as massas de turistas, mas, também, organizar oito missas por dia.
Proposta do estado francês para minimizar o calvário: organizar uma loteria beneficente. Significa: privatizar o que é compromisso e obrigação do estado.
Assim sendo, sim: Sarkozy e Macron, e os respectivos governos privatizantes são diretamente e indiretamente responsáveis pelo fogo.
Vem aí a Nossa Senhora dos Bilionários.
Pinault (Gucci, St. Laurent) prometeu 100 milhões de euros de sua fortuna pessoal para a restauração. Arnault (Louis Vuitton Moet Hennessy) repicou: prometeu 200 milhões.
Ora! Por que não privatizar esse tão excelente item de propriedade imobiliária – à moda do capitalismo de desastre? Bem-vindos ao condomínio de luxo Notre-Dame, Paris, com hotel e shopping-center.
Notre-Dame é propriedade do estado francês, que dá pouca ou absolutamente nenhuma atenção a uma joia gótica que atravessou oito séculos.
Fragmentos de arcadas, das quimeras, dos relevos, das gárgulas vivem caindo no meio da rua e são guardadas num depósito improvisado nos fundos da catedral.
Só no ano passado, Notre-Dame ganhou um cheque de 2 milhões de euros para restaurar a agulha – que ontem queimou inteira.
A restauração de toda a catedral custaria 150 milhões de euros, segundo o maior especialista mundial em Notre-Dame, que acontece de ser um norte-americano, Andrew Tallon.
Recentemente, os responsáveis pela custódia da catedral e o estado francês estiveram realmente em guerra.
O estado francês recolhia no mínimo 4 milhões de euros por ano só dos turistas que pagam para entrar nas Torres Gêmeas (do Sino), mas só repassava 2 milhões para a conservação de Notre-Dame.
O reitor de Notre-Dame recusou-se a cobrar entrada de quem vem à catedral – como se faz, por exemplo, no Duomo em Milão.
Notre-Dame basicamente sobrevive de doações – que pagam o salário de apenas 70 empregados aos quais cabe não apenas supervisionar as massas de turistas, mas, também, organizar oito missas por dia.
Proposta do estado francês para minimizar o calvário: organizar uma loteria beneficente. Significa: privatizar o que é compromisso e obrigação do estado.
Assim sendo, sim: Sarkozy e Macron, e os respectivos governos privatizantes são diretamente e indiretamente responsáveis pelo fogo.
Vem aí a Nossa Senhora dos Bilionários.
Pinault (Gucci, St. Laurent) prometeu 100 milhões de euros de sua fortuna pessoal para a restauração. Arnault (Louis Vuitton Moet Hennessy) repicou: prometeu 200 milhões.
Ora! Por que não privatizar esse tão excelente item de propriedade imobiliária – à moda do capitalismo de desastre? Bem-vindos ao condomínio de luxo Notre-Dame, Paris, com hotel e shopping-center.
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