Tijolaço: A previdência e o Twitter

POR  · 13/02/2019


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Diga-se o que se disser do ex-ministro Delfim Netto, inegável que seus 90 anos – mais de 50 deles na vida pública – lhe deram um grande conhecimento em matéria de como fazer projetos impopulares, porque lesivos a muitos, serem aprovados pelos políticos.
Por isso, seu artigo de hoje, na Folha, merece atenção: senadores (e, certamente, grande parte dos deputados) de um PRS (Partido das Redes Sociais) irão reagir diante do comportamento tuiteiro e facebookista em relação às medidas impopulares que a tal reforma da Previdência inevitavelmente conterá.
(…)tenho sérias dúvidas que “representantes” controlados pelas mídias sociais possam dar conta de aprovar a reforma da Previdência.  No curto prazo, ela tem poderosos “perdedores” e nenhum “ganhador”, a não ser a abstrata sociedade que não tuíta!
Até agora, a reforma tem sido – falsamente, como é notório – como salvadora da finanças nacionais, sem a qual os velhinhos deixariam de receber seus proventos e pensões. Nada diferente do que se dizia nos primeiros tempos de Michel Temer, quando também se acreditava numa “retomada do crescimento” veloz e inevitável.
Paulo Guedes, ao contrário do que fez, pessoalmente, Jair Bolsonaro, acenou com mudanças tão rápidas quanto duras. Nos próximos dias, veremos quais delas o ex-capitão assumirá o desgaste de encampar.
Não à-toa o Ministro e o o governo preparam uma ofensiva publicitária que vai se focar nas redes para apresentar uma “nova Previdência”. O que diz nada para quem tem seus direitos já num horizonte próximo e bem pouco para quem ainda não pensa nela.
O apetite que se despertou no mercado financeiro é tanto que qualquer mordida que não seja imensa será frustrante.
Mas mordidas imensas – na idade mínima, nas regras de transição e na aposentadoria por idade e pensões, sobretudo – vão doer de fato em cada um, assim como os que, por privilégio funcional, ficarem de fora despertarão ódios.
Sobretudo se, daqui a pouco, Bolsonaro passar a ostentar um título mais incômodo que o que Michel Temer trazia com a sua aposentadoria aos 55 anos de idade.
O de receber, desde os 33, uma aposentadoria como capitão do Exército.

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