Quando Janaína é sensata, o que dizer do resto? Por Fernando Brito

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POR  · 16/02/2019

Quando é possível dizer que há lucidez no que diz a senhora Janaína Paschoal é sinal de que a realidade, sim, é que tomou ares de loucura.
Como explicar que um presidente da República, há três dias, mantêm o governo paralisado à espera da demissão de um ministro palaciano?
“Não tem cabimento um presidente da República dizer que demitirá uma pessoa passados três dias. As admissões e demissões devem ser decididas e simplesmente comunicadas. Ademais, um líder precisa adotar critérios minimamente claros”, afirmou, em rede social,  diz ela à Folha.
Mas, vergonhosamente, tudo o que se assiste é um presidente que, pressionado pelos “deixa disso e e vamos aprovar as mudanças na Previdência.
Tudo o que se sabe é pelos “off” dos bombeiros – parece que também na política se especializaram em trabalhar na lama – é que se opera, ao que parece inutilmente, para uma composição, evidentemente impossível, entre Jair Bolsonaro e seu ex-braço direito.
A bagunça é total, exceto no que Igor Gielow, na Folha, chama de “uma certeza: esse é um governo caótico ao lidar com crises, o que sinaliza dificuldades à frente”.
Na horda bolsonarista nas redes sociais, a confusão é total: culpa-se a Globo, a imprensa, Carlos Bolsonaro, Gustavo Bebbiano e, cada vez mais, o quase “ex-mito”.
Incondicional, mesmo, resta a ala ensandecida pelo olavismo,
Não é compreensível que Bolsonaro siga cozinhado uma crise que não tem outra solução possível senão o afastamento de um ministro que virou um molambo, declarou uma tentativa de cooptação com nomeações milionárias e ameaçou “afundar atirando” contra a honra presidencial.
Há três dias teria um derrotado – Bebbiano – e vários desagradados.
Agora, o desfecho inevitável listará entre os derrotados todos os que correram a socorrer o “futuro ex-ministro”: Rodrigo Maia, Ônyx Lorenzonni, Hamilton Mourão, Augusto Heleno, metade da bancada do PSL de boa parte da mídia conservadora que o defendeu em nome de uma aprovação sem traumas da reforma da Previdência.
Bela conta, não é?
Como disse ao início, quando se tem de dar razão a Janaína Paschoal, é que está tudo muito louco.

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