Netanyahu engana israelenses na “Operação Escudo do Norte” de túneis transfronteiras: Em preparação uma guerra contra o Líbano? Por Elijah J. Magnier
1/2/2019, Elijah J. Magnier Blog
As fontes avaliam que Israel goza hoje de apoio norte-americano sem precedentes. O presidente Trump, parece, fará qualquer coisa para agradar e apoiar Israel; e as forças norte-americanas já estão implantadas no país, treinando e fazendo manobras e exercícios com vistas a um possível cenário de guerra e, evidentemente, garantindo apoio militar imediato a Israel. Mas, por outro lado, as mesmas fontes entendem que“as forças de segurança do Iraque, aliadas do “Eixo da Resistência” não hesitarão para se engajar em qualquer futura guerra que o ocidente imponha ao Levante”.
Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga
Há muita conversa no Levante, na Síria e no Líbano, sobre Israel – mais precisamente o primeiro-ministro Benyamin Netanyahu – estar considerando seriamente uma batalha em grande escala, transfronteiras, que poderia escalar ao nível de guerra, para assegurar a sua reeleição. Não obstante ter anunciado um “tremendo sucesso na “Operação Escudo do Norte, OEN [ing. “Operation Northern Shield”, ONS] lançada em dezembro passado, Netanyahu está mandando o exército israelense procurar mais túneis, longe dos faróis da mídia.
O anúncio prematuro pelo primeiro-ministro do sucesso da OEN mostra que Netanyahu tornou-se refém do próprio otimismo, que ele muito apreciaria poder investir na próxima eleição, talvez reeleição. Netanyahu conseguiu criar pânico grave entre a população israelense que vive nas fronteiras com o Líbano e também em territórios mais interiores, ao confirmar que o Hezbollah possui mísseis de precisão capazes de alcançar qualquer alvo que escolham.
Na verdade, a infraestrutura subterrânea secreta entre Líbano e Israel não está sob integral controle de Israel e pode ser decisiva em qualquer guerra futura que envolva infantaria, para o objetivo de sequestras soldados e oficiais de Israel. O Hezbollah possui moderno equipamento de escavação e os túneis serão essenciais para levar para território controlado pelo inimigo de Israel qualquer guerra que Israel inicie a partir do sul do Líbano.
Segundo fontes bem informadas, é alta a probabilidade de que “Israel talvez inicie uma grande batalha contra o Líbano, que pode levar à guerra”. As fontes creem que “Netanyahu pode optar por usar mísseis teleguiados e bombardeiros, com o objetivo de limitar a capacidade de mísseis do Hezbollah. Nesse caso, não seria necessário recorrer à infantaria, e o exército de Israel ficaria limitado a proteger as próprias fronteiras, e a garantir que não houvesse qualquer infiltração pelos túneis transfronteiras”.
O primeiro-ministro Netanyahu crê que Said Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, esteja incomodado com o tremendo sucesso de Israel, na operação de desmantelar, durante as últimas seis semanas, a infraestrutura subterrânea, e confia que tenha posto fim a toda a estrutura de túneis transfronteiras, importante ativo de combate com que Nasrallah conta.
Até agora, Israel descobriu quatro túneis; o líder do Hezbollah não negou essa evidência. Mas Netanyahu está enganando os israelenses, ao dizer que teria destruído todos os túneis. Segundo fontes bem informadas, o exército de Israel está “enviando cães treinados para dentro dos túneis transfronteiras recém-descobertos, apesar da grande profundidade, com o objetivo de detonar explosivos que haja, ou para que ataquem quem esteja trabalhando nos túneis”.
Funcionários israelenses mentirem aos cidadãos não é novidade. Said Nasrallah disse que um dos túneis é antigo, e Moshe Ya’alon, ex-ministro de Defesa de Israel, não desmentiu: “Mentimos para preservar a segurança do Estado. Para desorientar o inimigo”. A mensagem de Nasrallah gerou divisão na opinião pública em Israel – os que insistem em confiar no exército de Israel (embora não nos políticos) e os que acreditam em Nasrallah.
O Hezbollah considera os túneis como ativo essencialmente importante em qualquer guerra futura contra Israel. Israel tem escavado túneis em profundidades que vão de 1 a 50 m de profundidade, numa área de 10-13 km de largura, numa zona do interior do território próxima de Ayta al-Shaab e Kfarkila (Metula). Há outra área muito maior, de 107 km, ao longo da costa do Líbano, na qual Israel não escavou.
Considerem a cidade libanesa de fronteira de Aita al-Shaab, na qual há colinas dos dois lados da fronteira com uma montanha em cima da fronteira, com centenas de metros de altura. Israel estaria equipada para procurar túneis nessa área? É possível que o Hezbollah já acesso a compressores silenciosos e equipamento de escavação capaz de reduzir o tempo de construção de túneis, de dois anos para apenas 4-6 meses. Não falta equipamento moderno de engenharia, planejamento e escavação, desfiando a ‘fé’ de Netanyahu de que o Hezbollah enfrente sérias dificuldades financeiras, a ponto de não poder escavar mais desses túneis caríssimos.
Em muitos locais, Israel controla o ar, com drones, e as fronteiras, com radares e câmeras multissensoriais sensíveis ao calor, de alta definição e longo alcance, Pulsed Doppler, Frequency Modulated Continuous Wave e sistemas inteligentes de imagem, para alerta avançado. Esses sistemas detectam e rastreiam pessoal e objetos em movimento, com informes sobre a velocidade e a direção. Os túneis ultrapassam todos esses recursos de prevenção e permitem às forças atacantes, colher o inimigo pela retaguarda.
Os túneis no sul do Líbano são diferentes dos de Gaza, dado que a topografia do Líbano é constituída de terreno rochoso.
Todas as fontes com as quais falei para confirmar que “túneis transfronteiras são importantes para surpreender o inimigo e infiltrar soldados por trás das linhas do inimigo. Esse é o plano sobre o qual Said Nasrallah falou, quando ameaçou ocupar a Galileia”. Segundo as fontes, “os túneis são importantes, mas não são a única via pela qual cruzar as fronteiras”.
“Pequena quantidade de explosivo basta para derrubar muro de cimento de 4-6m de largura de um lado ao outro da fronteira Líbano-Israel, abrindo brecha suficiente para que forças motorizadas atravessem, tão logo seja tomada a decisão de passar para o outro lado” – dizem as fontes. Esse cenário pode ser plausível se e quando Israel tomar a iniciativa de disparar uma guerra, atravessando com a infantaria as fronteiras libanesas. Se se sabe que Israel viola diariamente a soberania do Líbano, ninguém se surpreenderá se o Hezbollah copiar Israel.
A batalha de túneis é processo de pesadelo incontrolável para qualquer exército. Os túneis parecem ser construídos para serem usados uma única vez. O “plano Galileia” visava a forçar Israel a sair de território árabe ocupado (as Colinas do Golan) ou a libertar prisioneiros palestinos, em troca de sair da Galileia (ou de qualquer outra vila ou cidade em Israel) em caso de guerra e de um avanço do Hezbollah sobre território inimigo. Fontes não descartam a morte de centenas de soldados dos dois lados, no caso de eclodir uma guerra, caso o Hezbollah decida atravessar a fronteira Israel-Líbano.
Israel está levando a sério o Hezbollah, como ameaça: o batalhão “Gates of Fire” [Portais de Fogo] foi criado para enfrentar os planos do Hezbollah de tentar a conquista da estreita faixa da Galileia. Ambos, Netanyahu e seu ex-comandante do Estado-maior Gadi Eizenkot ofereceram versão que mais parece filme de horror, aos colonos israelenses – ao divulgar a avaliação da inteligência israelense – sobre os planos do Hezbollah para ativar “1.000 a 2.000 combatentes com o objetivo de promover ataques com choques de fronteira” contra comunidades da fronteira da Galileia. Esses dois governantes israelenses dançaram na mão de Said Nasrallah, criando ainda maior dano psicológico e medo para as comunidades israelenses locais, do que quaisquer outros conseguiriam criar. Netanyahu planejava ampliar sua “realização”, com objetivos eleitorais. Mas fracassou, principalmente por causa do anúncio prematuro do fim dos túneis, quando as forças que o acompanham estão vendo diante dos olhos que ainda há muitos túneis em perfeita operação.
As fontes avaliam o apego obsessivo de Netanyahu ao poder como “muito perigoso”.
“Netanyahu e sua equipe podem muito bem escolher uma batalha maior ou uma guerra contra o Líbano, pensando exclusivamente em alcançar a reeleição, como ‘tática’ para escaparem à prisão, num momento em que estão sendo acusados de corrupção. Netanyahu tomou o Ministério da Defesa e, dado que não é especialista em assuntos militares, precisa provar ‘capacidades’ inventando algum tipo de agressão contra o Líbano. Digo Líbano, porque o primeiro-ministro de Israel compreende que qualquer ataque futuro contra a Síria gerará graves consequências contraproducentes contra seu futuro político, porque Damasco e seus aliados responderão” e Netanyahu sabe disso.
As fontes avaliam que Israel goza hoje de apoio norte-americano sem precedentes. O presidente Trump, parece, fará qualquer coisa para agradar e apoiar Israel; e as forças norte-americanas já estão implantadas no país, treinando e fazendo manobras e exercícios com vistas a um possível cenário de guerra e, evidentemente, garantindo apoio militar imediato a Israel. Mas, por outro lado, as mesmas fontes entendem que“as forças de segurança do Iraque, aliadas do “Eixo da Resistência” não hesitarão para se engajar em qualquer futura guerra que o ocidente imponha ao Levante”.
“Se os EUA participarem abertamente de qualquer futura guerra contra Síria ou Líbano, as forças dos EUA serão consideradas reféns e alvos em toda a Mesopotâmia. A próxima guerra já não será semelhante a qualquer guerra anterior e não poupará ninguém” – disseram as fontes.
A atitude geral é de evitar a guerra. Said Nasrallah disse que “se Netanyahu gosta de repetir que destruiu todos os nossos mísseis (destruiu apenas alguns, poucos), ele que diga. Não o desmentiremos”.
É bem claro que o Hezbollah não quer provocar muito fortemente o primeiro-ministro de Israel, porque o interesse principal é evitar qualquer futura grande guerra destrutiva, que cobriria não só o sul do Líbano, mas os subúrbios da capital. Contudo, se acontecer de o pessoal ficar sem tomar chá em Beirute, como disse o major-general israelense Tamir Yadai, fato é que ninguém tampouco estará tomando café em Tel Aviv.*******
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