Eleições em Israel: ex-general desafia Netanyahu
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O ex-chefe militar Benny Gantz entrou na cena política de Israel como a grande esperança do "campo da paz" do país - mas seu discurso é tudo menos pacifista.
O general aposentado, que pretende vencer o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nas eleições de 9 de abril, se vangloria de matar palestinos e sua postura linha-dura. Ele reage contra as críticas de Netanyahu com contundentes contra-ataques.
No atual estado de Israel, a retórica de Gantz parece ser a única maneira de derrubar Netanyahu. Isso está transformando o antigo general em uma improvável fonte de esperança para aqueles que defendem o fim do domínio israelense sobre os palestinos.
Yossi Beilin, arquiteto dos acordos de paz provisórios de 1993 com os palestinos, disse que o medo de outro mandato de Netanyahu está impulsionando grande parte do apoio a Gantz. Ele chamou Gantz de "pomba negra" — uma alternativa imperfeita mas tolerável a Netanyahu.
"Não que eu concorde com tudo o que ele diz, mas muitas das coisas que ele está dizendo são aceitáveis do meu ponto de vista", disse Beilin.
A corrida pode balançar a favor do desafiador. Netanyahu enfrenta uma possível acusação em uma série de investigações de corrupção, talvez antes das eleições. Enquanto isso, Gantz está supostamente explorando fusões com outros partidos de centro.
Gantz parece estar se inspirando em Ehud Barak e do falecido Yitzhak Rabin — ex-chefes militares que se tornaram primeiros-ministros. Ambos usaram credenciais militares para levar Israel, obcecado pela segurança, às negociações de paz com os palestinos.
Temeroso de ser rotulado como "esquerdista", considerado um defeito por muitos israelenses, Gantz fala pouco sobre sua visão de paz com os palestinos. Ele utiliza uma retórica sobre segurança enquanto tenta obter apoio da base nacionalista de Netanyahu.
Em seu discurso em janeiro, Gantz gabou-se de assassinar Ahmed Jabari, um ex-comandante militar do Hamas, cuja morte em um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza provocou uma guerra de oito dias em 2012.
"Os chefes das organizações terroristas precisam saber que Ahmed Jabari não foi o primeiro, e pode não ser o último", alertou Gantz.
Sem dar detalhes, ele prometeu "lutar pela paz" e — se isso for impossível — moldar uma "nova realidade". Gantz disse que fortaleceria os assentamentos da Cisjordânia e manteria o controle do Vale do Jordão, uma seção estratégica da Cisjordânia ocupada que os palestinos buscam como o coração de um futuro Estado.
Um anúncio na televisão do partido de Gantz mostra imagens aéreas do ataque aéreo que matou Jabari. Um segundo anúncio mostra imagens de funerais do Hamas e se orgulha de ter matado 1.364 "terroristas" na guerra entre Israel e Hamas em 2014.
As Nações Unidas disseram que cerca de dois terços dos mais de 2.100 palestinos mortos na guerra de 2014 eram civis. Entre os mortos havia muitos civis mortos em ataques aéreos em casas onde Israel suspeitava ou determinava que terroristas estivessem escondidos.
Um relatório da ONU disse que as ações de Israel podem ter sido crimes de guerra. Gantz e o então chefe da força aérea de Israel estão sendo processados por uma família palestina em um tribunal holandês.
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