Tijolaço: Um selvagem da privatização



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A entrevista de Salim Mattar, Secretário de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Fazenda – que bem podia trocar seu nome para Entrega e Liquidação do patrimônio público – hoje, na Folha, é simplesmente um escândalo.
Diz que o governo venderá tudo o que possui, menos o Banco do Brasil, a Caixa e a Petrobras –  empresas que deverão ficar “bem magrinhas”, diz – e que vai liquidar o BNDESPar, em quatro anos.
Este senhor, que fez carreira com o aluguel de carros, nem se importa com os dois critérios mais importantes na hora de decidir se o Estado deve ou não entrar ou permanecer numa atividade empresarial.
Interesse nacional e lucratividade.

Estamos diante do desastre que a Vale, privatizada, está produzindo com desastres que não aconteciam nos seus tempos de estatal, quando o corpo técnico detinha autonomia e não podia ser atropelado.
Temos empresas de energia elétrica que, pelas características da região atendida, não atraem interesses de grandes capitais. Faz-se o que, deixa-se o povo sem luz?
Energia nuclear pode ser posta na mão da turma que acelera tudo pelo lucro? As pempresas de tecnologia militar vão ser postas no prego?
Vamos privatizar a Embrapa, achando que a Monsanto vai desenvolver pesquisa agropecuária adequada ao Brasil e entregá-la aos produtores rurais?
E a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, com seus  25 mil empregados, que administra os hospitais federais e universitários, vai ser privatizada para algum plano de saúde?
A lista seria imensa. E o prejuízo, também.
O BNDESpar, que este cidadão quer fechar, deu, nos nove primeiros anos do ano passado, lucro de R$ 5,35 bilhões, com suas participações em grandes empresas. Dinheiro que, em boa parte, foi para os cofres do Governo na forma de dividendos.
O senhor Mattar, que não se perca pelo nome, é mais um destes seres primários, que acha que fazer fortuna com um negócio pessoal é o mesmo que administrar um país.
Porque o empresário privado, conforme o seu lucro, não tem que pensar duas vezes antes de ir para onde ele é maior, como Mattar fez ao parar de emplacar os carros da sua Localiza no Paraná e levou seu licenciamento para Minas Gerais, onde o então governador Aécio Neves deu-lhe um “descontão” no IPVA .
O seu único critério é o do “vende tudo”.

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