Damares tentou impedir mulher com câncer de fazer aborto para salvar sua vida

POR  · 24/01/2019


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Há pouco mais de um mês escrevi aqui que Damares não é só fanática, é uma mulher má.
Não me arrependo: Damares Regina Alves, a “ministra da Mulher” não é apenas má, é muito má, ao ponto de sujeitar à morte uma moça de 21 anos para que ela não abortasse o feto de seis semanas que tinha no útero para poder tratar um câncer de pulmão, grave e raro, de que era portadora.
A história de Jéssica da Mata Silva,  agora com 27 anos, que se descobriu, em 2012, que tinha um tumor maligno no pulmão e sofreu uma cirurgia par a extraí-lo.
Não era o bastante e ela precisava de quimio e radioterapia para salvar-se, tudo documentado em laudos e pareceres médicos.
Mas detectou-se a gravidez, que resultava, segundo os médicos em “uma contraindicação absoluta de qualquer tratamento radioterápico“.  Que deveria começar incontinenti.

Foi à Justiça para exercer o seu direito de  aborto legal, estabelecido desde 1940 no Código Penal “ se não há outro meio de salvar a vida da gestante”.
Obteve a autorização com o voto de uma desembargadora que o deu “independentemente de minhas [dela] convicções religiosas e morais”.
Sem nada a ver com o assunto, a hoje ministra foi ao Superior Tribunal de Justiça para impedir Jéssica – a quem ela nem conhecia – de abortar.
Vale dizer, de salvar sua vida.
O STJ, felizmente, negou a pretensão de Damares.
E salvou a vida de Jéssica que venceu a má, mas ainda não venceu o mal: O câncer voltou e ela já retirou  32 tumores. Toma remédios quimioterápicos diários durante duas semanas, intercaladas com outras duas sem medicação.
Seria chocante com qualquer ser humano, mas com Jéssica é ainda mais: casada e evangélica, ela está a anos luz de ser uma das “feministas feias” que Damares Alves costuma demonizar.
Teve o apoio da família e do marido.
Toda a história, com os documentos da Justiça, está contada detalhadamente pelo repórter Eduardo Goulart de Andrade, no site de jornalismo Vice.
Cabe perguntar se Damares pode ser considerada “a favor da vida”, se é capaz de sujeitar uma mocinha de 21 anos a morrer em nome de seu fundamentalismo religioso, da sua teologia da goiabeira.
Só faz isso que não é capaz de sentir o que é definido por uma palavra tão simples quanto essencial: compaixão.

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