Fernando Brito: Muros de Trump são um tapa na cara até de seus antepassados
. |
Donald Trump é neto de um imigrante alemão, Frederick Trumpf, com um “f” a mais no nome, certamente clandestino, pois contava com apenas 16 anos. A avó, Elizabeth, também era alemã.
Trump é filho de uma escocesa, Mary Anne MacLeod , que imigrou para os EUA aos 18 anos.
Sua primeira mulher, Ivana, nasceu na hoje Republica Checa.
A atual, Melania, é eslovena, nascida na antiga Iugoslávia.
Mas se Donald Trump fosse presidente dos Estados Unidos ao longo do último século, Donald Trump não existiria.
Patricia Campos Mello, na Folha, informa que já há um “muro” anti-imigrantes erguido nos EUA, por sua política.
No ano fiscal de 2018 (que vai de 1 de outubro de 2017 a 30 de setembro de 2018) os EUA reassentaram 22.491 refugiados –menor número dos últimos 40 anos. Foram 53.716 no ano fiscal de 2017 e 84.994 em 2016.
Embora o número de imigrantes no Brasil tenha crescido com a crise venezuelana – na qual estamos jogando gasolina – a média de imigrantes aqui, entre 2000 e 2015, foi de 54 mil por ano.
Duas vezes e meia o que um país maior e imensamente mais rico como os EUA abrigaram ano passado.
Mas o Governo Bolsonaro já anunciou que vamos deixar o acordo migratório ajustado pela ONU, para filiar-se ao “aqui, não” trumpista.
E a propaganda xenófoba, como mostra o Datafolha, coloque a imigração como um problema a ser temido.
Duvido que qualquer um de nós não tenha um avô ou bisavô imigrante: português, espanhol, judeu…Vindos para cá, como dizia a minha avó, “com uma mão atrás, outra na frente”, na terceira classe de navios imundos, procedentes da Europa. Ou negro – com mais tempo por aqui – vindos ainda em condição muito pior, nos porões dos navios do tráfico de seres humanos.
Só existe uma maneira civilizada de conter a onda migratória: equilibrar o desenvolvimento dos países, deixando de saquear nações e arruinar povos.
Mas é o inverso do que faz este selvagem que preside os Estados Unidos, que ameaçou, caso não lhe deem o novo “Muro da Vergonha” separando o país totalmente do México, fechar as fronteiras norte-americanas. E cortar a ajuda a países como para cortar a ajuda a Honduras, Guatemala e El Salvador como punição. São países que afirmou não fizeram “nada pelos EUA, mas pegando [pegaram] nosso dinheiro”.
É isso, no raciocínio cínico desta gente. Honduras, Guatemala e El Salvador talvez tenham recebido juntos, de ajuda norte-americana, algo como 0,001% do que despejaram em tropas e bombas no Oriente Médio.
O “mundo sem fronteiras” é só para o capital, para as mercadorias baratas e hambúrgueres. Não para seres humanos.
Comentários