Agora há "murmúrios" de que Queiroz ganhou o dinheiro "vendendo eletrônicos"

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A coluna de Élio Gaspari, na Folha desta quarta (26), acrescenta informações sobre o passado de Fabrício Queiroz na Polícia Militar do Rio de Janeiro e ainda expõe qual teria sido a história "plausível" que o ex-motorista contou a Flávio Bolsonaro sobre os R$ 1,2 milhão que o Coaf considerou "movimentações atípicas" em sua conta bancária. 
Segundo Gaspari, agora há "murmúrios" vindos de fontes não oficiais dando conta de que Queiroz teria ganhado o dinheiro vencendo eletrônicos a conhecidos. "Coisa de R$ 600 mil ao longo de 13 meses, caso se olhe só para o que entrava em sua conta."
"Mesmo assim, o feirão de Queiroz movimentava quantias muito superiores ao seu rendimento como suboficial da PM e assessor de um deputado estadual", observou o jornalista. "Se ele movia tanto dinheiro porque transacionava com mercadorias, deverá dizer de quem as comprava e para quem as vendia", acrescentou.
Para Gaspari, "quem conhece o mundo das malfeitorias garante: 'É suicídio'" o silêncio de Queiroz. Desde que o escândalo veio à tona, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro não apareceu mais em sua casa e faltou a dois depoimentos marcados pelo Ministério Público.
Até agora, os indícios divulgados indicam que Queiroz era o gestor de uma "conta de passagem", que recolhia parte do salário de outros 9 assessores de Flávio Bolsonaro. No total, as transações somaram, só entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, R$ 1,2 milhão.
Uma das beneficiárias da conta é Michelle Bolsonaro, que recebeu R$ 24 mil em um só repasse. Jair Bolsonaro não tem provas - pois não declarou os recursos à Receita Federal - mas diz que o montante é pagamento de um empréstimo que fez a Queiroz, no total de R$ 40 mil.
Flávio Bolsonaro, por sua vez, se esquiva de explicações. Diz que é Queiroz quem deve dar os esclarecimentos, embora tenha outros 9 assessores de seu gabinete envolvidos na história.
Além disso, há outras informações que são verdadeiras pulgas atrás da orelha: depois de passar 10 anos trabalhando para o filho do presidente, Queiroz foi exonerado do gabinete em 15 de outubro, no meio do segundo turno presidencial. Um dia depois, foi encaminhado à Justiça um pedido de batida policial em gabinetes de vários deputados pegos pela operação Furna da Onça. Flávio Bolsonaro foi poupado dessa investigação. 
Para Gapari, " a história segundo a qual Queiroz deixou a assessoria de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro para tratar de sua aposentadoria não fica em pé." Até no mesmo diz, a filha de Queiroz, Nathalia - que reúne indícios de ter sido funcionária fantasma, segundo matérias da imprensa - também foi exonerada, mas do gabinete de Jair Bolsonaro.
O jornalista também criticou Flávio por não ter sido claro em sua desculpa. "Só se poderá confiar nessa plausibilidade [da versão contada por Queiroz ao senador eleito] depois que o relato se tornar público."
O PASSADO DE QUEIROZ
"Queiroz não é um PM qualquer. Além da ligação com os Bolsonaro, sua folha é a de um militar premiado. (...). Há anos, como soldado, recebeu o abono, hoje extinto, dado aos PMs por atos de bravura em confrontos com bandidos. Era a 'gratificação faroeste'. (Quando esse benefício foi instituído, em seus confrontos a PM do Rio matava duas pessoas e feria uma. Dois anos depois, matava quatro para cada ferido. (...)  a 'gratificação faroeste' foi um estímulo à 'cultura da violência'", explicou Gaspari.
Segundo o relatório do Coaf, mesmo somando o salário como assessor de Flávio Bolsonaro mais o salário de policial militar, o patrimônio e os rendimentos de Queiroz são incompatíveis com movimentações que somam R$ 1,2 milhão em 13 meses.
Além disso, há indícios de operações típicas de lavagem de dinheiro, já que Queiroz costumava receber, na conta, depósitos em dinheiro, e depois sacar tudo em espécie, no mesmo dia ou poucos dias depois. 
Segundo Gaspari, o silêncio de Queiroz é suicídio. "Peixes grandes como Marcelo Odebrecht e Antônio Palocci tiveram a mesma ilusão."

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