O que nos arruina não é o gasto público, é o rentismo privado

POR  · 28/11/2018


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Escrevi ontem aqui que sem investimentos públicos – o que não teremos – não há recuperação econômica que passe da espuma da especulação financeira.
Você certamente já cansou de ler e ouvir, na mídia, que foi a “gastança” petista e a pretensão megalomaníaca de atirar-se a novos projetos (refinarias, transposição do S. Francisco, hidrelétricas, ampliação da rede de universidades, habitação, etc) que nos levou à situação de penúria orçamentária em que nos encontrando, acumulando déficit imensos.
É balela, e das grossas.

Valor publica hoje esta tabela elaborada com dados do Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), onde o Brasil ostenta a nada animadora penúltima posição em investimento público numa amostra de 42 países, em matéria de investimentos públicos, entre 2000 e 2017, periodo que claro, engloba todos os governos petistas.
E vai piorando:
Após 2014, porém, o investimento público por aqui recuou com força, devido à crise fiscal da União e também de Estados e municípios. Com isso, a distância entre esses dados para o Brasil e para outras economias aumentou. Em 2017, as três esferas de governo investiram o equivalente a 1,16% do PIB, o menor nível da série iniciada em 1947.
É pouco mais de um terço da média mundial, e com reflexos que poucos acham estar relacionados ao nosso dia a dia, como explica Manoel Manoel Pires, coordenador do Observatório de Política Fiscal do Ibre/FGV.
 “Não é à toa que estamos observando desabamento de estruturas públicas como pontes e viadutos em algumas grandes cidades do país”, escreve ele. “Os problemas causados pelas enchentes também têm causado perdas de vidas, congestionamentos e muitos transtornos na vida dos brasileiros.”
O que consome e arruína as finanças públicas brasileiras não é o investimento público, é um sistema financeiro perverso, que drena não só o dinheiro público, mas também a rentabilidade do trabalho e da produção e, com elas, a capacidade contributiva de empresas e do cidadão. Somos governados por um “mercado” parasitário, totalmente desligado da economia material e que ganha sempre, estejamos em expansão ou em recessão.

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