Nassif: Cotado para Educação, Schelb delatava colegas
Foto: Antonio Augusto / Câmara |
No Xadrez do Golpe na era da hipocrisia, no dia 10/07/2018, narrei um episódio ocorrido no Ministério Público Federal nos anos 90, que praticamente marcou a estreia do jogo de procuradores com a mídia.
No episódio em questão, dois procuradores resolveram denunciar uma colega – vista por eles, na época, como muito conservadora. Eles passaram denúncias para o Correio Braziliense, sem nenhuma comprovação. Depois, com base na denúncia publicada, entraram com uma representação contra a subprocuradora Delza Curvello.
Lá, o retrato antecipado das transformações pelas quais passou o MPF.
Um dos procuradores, em questão, era Guilherme Schelb, cotado para o Ministério da Educação de Jair Bolsonaro. Junto com dois colegas, disparavam denúncias a torto e a direito. Chegaram até a conversar com o rei dos dossiês da época, Antônio Carlos Magalhães.
Tempos depois, Schelb se queimou quando flagrado pedindo contribuições de empresários para um site que montou par difundir temas de fundamentalismo religioso e morais.
Na época, em 9 de agosto de 2.000, recebi o e-mail abaixo da subprocuradora Delza, que divulguei em minha coluna na Folha
"Prezado Luís,
(...) "É certo que o Ministério Público não se resume às pessoas contra as quais representei.
"A turma é grande e boa, mas está amedrontada -tanto quanto eu- diante da cobertura que essas ações temerárias vêm recebendo da mídia, colocando-os como "os salvadores da pátria" (como se nós outros -que não nos utilizamos da mesma "metodologia" por eles utilizada- fôssemos os "traidores").
"(...) Creio que ambos -imprensa e Ministério Público- necessitam se sentar e se repensar, pois são duas forças que, juntas, poderão, se assim desejarem, levar uma nação ao caos.
"(...) Peço que você e a redação desse conceituado jornal façam uma reflexão profunda em torno do papel da imprensa na formação da opinião pública, não permitindo que ela seja manipulada, que seja um instrumento contra o indivíduo e em consequência contra a própria sociedade.
"Tenho pensado muito sobre minha instituição -e sei que, da forma como ela vem se comportando em face do indivíduo, ela está muito mal.
"Fique certo, Luís, que aqui fora não está nada fácil sobreviver.
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