Jeferson Miola: Moro se assumiu como agente do golpe para levar Bolsonaro ao poder
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Ao primeiro assobio, Moro se atirou no colo do presidente eleito como aquele cachorrinho faceiro, com o rabo abanando, ávido por receber do seu dono a recompensa pelo dever cumprido.
O editorial da Folha de SP [1º/11] se espantou com “A sofreguidão com que o juiz federal Sérgio Moro atendeu ao chamado do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), poucas horas após o fechamento das urnas […]” [sofreguidão, no dicionário Houaiss: característica do que é sôfrego; voracidade, gulodice; desejo ou ambição de conseguir sem demora alguma coisa; avidez ‹s. de enriquecer›; desejo sensual imoderado].
Para a Folha, “Moro comprometeu sua independência como magistrado de maneira irremediável […] o flerte com Bolsonaro põe em dúvida sua isenção. […] O dano para a credibilidade da Lava Jato, porém, pode ser irreversível”.
É irrealista imaginar-se a transmutação do Brasil existente até 2014 no país de hoje – mergulhado no caos, no autoritarismo, no desemprego e na recessão – sem associar essa evolução caótica a este personagem nefasto chamado Sérgio Moro.
Moro nunca agiu com a isenção de juiz. Ele concebeu a Lava Jato como arma de guerra para operar interesses político-partidários contra Lula, o PT e a esquerda. Inspirado no que de mais ardiloso ensinou a Operação Mãos Limpas [Itália, 1993], Moro atuou segundo estratégia e método bem concebidos.
Ele foi implacável e decisivo nos momentos nevrálgicos da dinâmica golpista, como nas seguintes circunstâncias:
– condução coercitiva ilegal do ex-presidente Lula, em 4 de março de 2016;
– gravação ilegal e divulgação criminosa de conversas telefônicas entre a Presidente Dilma e Lula em 17 de março de 2016, para impedir a posse do ex-presidente na Casa Civil;
– prisão de ex-ministros do Lula a 6 dias da eleição municipal de 2016 para prejudicar o PT;
– condenação do Lula sem provas, num processo manipulado e farsesco;
– decretação da prisão do Lula em 5 de abril de 2018 sem sentença transitada em julgado, sem publicação do acórdão pelo STF e sem análise dos embargos declaratórios; e a
– intromissão ilegal em decisão do magistrado Rogério Favretto, do trf4, em 8 de julho, para impedir a soltura do ex-presidente Lula. Na ocasião, mandou a PF prevaricar e descumprir ordem judicial.
Sem a intervenção metódica do Moro nesses momentos e circunstâncias estratégicas da engrenagem golpista e do regime de exceção, a realidade hoje provavelmente seria outra.
Com a toga como disfarce, Moro cometeu crimes e arbitrariedades em nome da “causa” que acabou por alçar Bolsonaro ao governo ao qual ele servirá como Ministro da Justiça.
Moro, agora, abandonou o disfarce de juiz. Ele assumiu, definitivamente, ter desempenhado papel central de agente político na conspiração que derrubou Dilma, na engrenagem que levou o país ao caos, implantou o Estado policial, instalou a cleptocracia de Temer-Cunha-Aécio, impediu a candidatura do Lula, levou a extrema-direita ao Planalto e viabilizou o avanço fascista no Brasil.
Ao integrar o ministério do Bolsonaro, Moro se assumiu como agente do golpe que levou o candidato da extrema-direita ao poder.
É gravíssima a revelação do general Mourão, o vice do Bolsonaro, de que Moro já havia sido convidado para o cargo ainda durante a eleição. Como cabo eleitoral do Bolsonaro e potencial futuro ministro, Moro usou o cargo de juiz para fazer boca-de-urna a 5 dias da eleição presidencial com a divulgação criminosa da delação fraudulenta de Antonio Palocci.
São notórias as ligações da Lava Jato com o regime nazi-bolsonarista. O presidente do tribunal de exceção da Lava Jato [trf4] é interlocutor assíduo de generais que apoiam Bolsonaro [ver aqui].
Caiu a máscara de uma vez. A Lava Jato se confirma como farsa arquitetada para desestabilizar o país, destruir e entregar o patrimônio nacional, derrubar Dilma e impedir o retorno do Lula à presidência.
Está claro como a luz do sol que Moro usou o cargo público para atentar contra a democracia e o Estado de Direito e implantar o regime de terror fascista no país.
Não estivesse o Brasil sob um regime de exceção, ao sair da entrevista que teve na residência do Bolsonaro, Moro deveria receber voz de prisão.
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