Empatia nestes tempos ásperos, por Doney Corteletti Stinguel

O justo conhece a causa dos fracos, mas o ímpio não tem a inteligência de reconhecê-la. (Pr 29,7)

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por Doney Corteletti Stinguel (Política Nada Imparcial) - GGN - 16/11/2018

O que se vê nestas fotos de Araquém Alcântara – compiladas no livro Branco Vivo, que ele fez em conjunto com Antonio Lino – é algo muito simples, porém muito emblemático nestes tempos duros que vivemos: empatia.

Pura e simples empatia.
Este sentimento é uma coisa que o Papador de alfafa e seus seguidores (tão desumanizados quanto o führer de opereta que seguem) não têm ideia do que seja.

Alguns possivelmente até a tiveram algum dia, mas se deixaram degradar, se deixaram corromper, se deixaram conspurcar, e hoje não tem absolutamente nenhum constrangimento em estarem do lado de um sujeito que é saudado até por líder da Ku Klux Klan.
Os seguidores do leproso por dentro, tão íntegros quanto seu líder, se deixaram seduzir pelo discurso fascista que insensibiliza, descaracteriza, desumaniza. Jamais conseguirão sentir a dor destes compatriotas nossos que necessitavam dramaticamente do auxílio prestado pelos médicos cubanos e que agora o perderam por causa da insanidade de seu escolhido, jamais se identificarão com fotos como essas, claro – muito menos com o que elas representam no auxílio a seres humanos tão desvalidos, tão necessitados como os aqui mostrados. Assim como seu capataz, eles não nutrem absolutamente nenhuma empatia, não tem capacidade emocional alguma de se solidarizarem com seus iguais, não tem nenhuma condição de se colocarem no lugar do próximo. Para eles, exemplos como os aqui mostrados não significam nada, absolutamente nada.
Ao se depararem com a saída dos médicos cubanos por conta das atitudes insensatas, tresloucadas e desumanizadas de quem escolheram, os bolsominions poderiam parar e reconhecer a tragédia que cometeram ao eleger um completo despreparado, um sujeito que não tem condição emocional e intelectual para ser sequer um vereador. Mas não. Eles já cruzaram o Rubicão do desamor e de qualquer vestígio de integridade racional. Mesmo vendo uma tragédia humanitária dessas, chafurdados em sua podridão moral e intelectiva, os seguidores de Bolsonazi não conseguem reconhecer o erro que cometeram, não conseguem sentir a dor do próximo – e pior, como não tem a grandeza moral de reconhecer o absurdo que perpetraram, ainda tentam arrumar alguma desculpa infame que justifique uma atrocidade dessas. Em última instância, expostos a realidade dura que este führer tupiniquim nos trouxe, só conseguem dizer que as reclamações contra esta ignomínia são “mimimi”, e recomendar aos que protestam que “cholem mais”. A estes camisas pardas, só restam mesmo estes relinchos. Há algo que faz com que os corações daqueles que o seguem apodreçam – mas eles fingem não perceber.
O que os médicos cubanos, profissionais competentes, engajados e –  especialmente – humanos, levavam a estes rincões era algo que não têm valor. Não pode ser mensurado, porque se trata da própria vida humana.
Basta ver as fotos e reconhecer que as pessoas não terem mais acesso ao já limitado atendimento médico que tinham, de fato, é de enternecer qualquer um que tenha o mínimo de empatia pelo ser humano.
Como bem disse José Saramago, se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia.
Mas não é este o caso do presidente eleito e (ao menos boa parte) de seus seguidores. Se estas fotos não dizem nada a eles, por outro lado, se identificarão, se sentirão representados com o Papador de alfafa fazendo armas com os dedos das mãos – isto ainda embebido com aquele sorriso descarado, em que o despudor e o cinismo abundam como o hidrogênio no universo.
Particularmente, preferimos ficar com outra ordem de seres humanos, aqueles que possuem empatia, como os das fotografias aqui postadas – tanto os que atendem quanto os que são atendidos.
Elas evidenciam, de maneira cristalina, como é bom ter lado na vida.
Em um discurso que tenta amenizar as discordâncias, eventualmente algumas pessoas dizem que as divergências políticas são uma espécie de casca que nos faz divergir, mas no fundo queremos as mesmas coisas – só que por caminhos diversos.
Esta é uma falácia brutal.
Definitivamente, não queremos as mesmas coisas que Bolsonazi e seus seguidores. Muito, mas muito ao contrário. Em um contexto tão cristalino quanto este, dizer que queremos o mesmo chega a ser até mesmo uma ofensa.
Que os seguidores do Papador de alfafa fiquem com a arrogância, o despreparo, a desumanização – e, claro, com as arminhas nos dedos e o sorriso cínico.
Nós ficamos com pessoas que têm capacidade de sentir empatia, que têm capacidade de se colocar no lugar do próximo – como estes médicos solidários, humanos, cientes de sua missão e do que ela representa na vida de outras pessoas.
Nós não temos semelhança alguma com Bolsonazi e seus seguidores fanáticos. Estamos de outro lado. Somos diferentes.
E isto é irremediável.


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