Bolsonaro nomeia Moro chefe do Brasil

POR NOCAUTE - 1 DE NOVEMBRO DE 2018

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O juiz Sergio Moro aceitou nesta quinta-feira (1) convite para assumir o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro.

Responsável pela Lava Jato em Curitiba, o juiz Sergio Moro foi sondado para compor o ministério de Jair Bolsonaro (PSL) ainda durante a campanha.
Eleito presidente no domingo, Bolsonaro recebeu Moro na manhã desta quinta-feira (1), no Rio de Janeiro.
A sinalização de Moro, de aceitar ser ministro, foi alvo de críticas. O candidato a presidente derrotado Ciro Gomes (PDT) chegou a dizer que Moro era ‘aberração de toga’.

Especialistas da área jurídica apontam suspeição de Moro para julgar o ex-presidente Lula. Ao aceitar o convite de Bolsonaro, o juiz assina uma autoconfissão de que não foi imparcial ao julgar o Lula, disse ao Nocaute uma fonte que não quis se identificar.

Moro marcou audiência para interrogar Lula no dia 14 de novembro no caso do sítio de Atibaia. O juiz também deve julgar no próximo mês a ação penal na qual o ex-presidente é apontado como beneficiário de suborno da Odebrecht na compra de um imóvel em São Paulo que seria destinado ao Instituto Lula.
Ao jornal Folha de S. Paulo, o advogado Andrei Zanker Schmitt, professor de processo penal da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Porto Alegre, diz que Moro precisa se afastar já dos casos envolvendo Lula.
“A atuação de um juiz não pode ser pautada por interesses pessoais. Um juiz que confessa possuir aspiração política colidente com casos a ele submetidos não pode julgá-los, sob pena de colocar em dúvida a imparcialidade de sua atuação”, afirma. “Suspeição significa suspeita. O cheiro de parcialidade já é motivo para o afastamento de um juiz”.
Segundo o deputado Paulo Pimenta (PT) o sim de Moro ao convite de Bolsonaro, “é prova testemunhal da relação criminosa e perversa entre a Lava Jato e Bolsonaro”. “Quando Moro vazou a delação de Palocci, já sabia que se Bolsonaro fosse eleito ele seria ministro”.

O juiz autorizou a divulgação de trechos do acordo de delação premiada do ex-ministro dos governos Lula e Dilma faltando seis dias para o primeiro turno das eleições.

Moro chegou à casa do capitão reformado por volta das 9h30 desta quinta (1). Ele deixou o local cerca de duas horas depois, acompanhado de Paulo Guedes. O magistrado não quis falar com o grupo de jornalistas e manifestantes que estavam no local, e foi embora em um carro escoltado pela Polícia Federal.
A pasta vai somar as estruturas da Justiça, Segurança Pública, Transparência e Controladoria-Geral da União e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), este último hoje ligado ao ministério da Fazenda.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada por Moro:
“Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Seguranca Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a pespectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juizes locais. De todo modo, para evitar controversias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes”.

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