Geraldo Azevedo diz que Mourão, vice de Bolsonaro, era um dos torturadores

Cantor foi preso e torturado duas vezes durante a ditadura, em 1969 e 1974

Por Revista Forum - 23/10/2018

Foto: Divulgação
O cantor e compositor Geraldo Azevedo disse, em um show em Jacobina (BA), na noite de sábado (21), que foi preso e torturado, junto com a esposa, em 1969, por 41 dias, durante a ditadura militar, e Hamilton Mourão, hoje general e candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), seria “um dos torturadores lá”.
Fórum apurou, no entanto, que o general Mourão nasceu em 1953 e teria 16 anos na época em que o cantor foi preso pela primeira vez. De acordo com a sua biografia, ele foi preso em 1969: “Geraldo Azevedo é preso com a esposa durante a ditadura militar, sendo torturado por 41 dias. Vitória fica 80 dias na prisão”.
Já em 74, o cantor, foi preso novamente “pelo governo militar de Geisel ao lado da esposa grávida de seu segundo filho, que logo é solta. Geraldo é duramente torturado. Em um dos interrogatórios o colocam para tocar violão. Ele então é salvo das torturas pela música, sendo obrigado a tocar e cantar para os torturadores repetidas vezes”.

A Fórum entrou em contato com a assessoria de Geraldo Azevedo e aguarda retorno para esclarecer o assunto.
“Olha, é uma coisa indignante, cara. Eu fui preso duas vezes na ditadura, fui torturado, você não sabe o que é tortura, não. Esse Mourão era um dos torturadores lá.” Ele acrescentou: “e essa alegria toda que está tendo aqui vai se perder, vocês estão sabendo disso. O Brasil vai ficar muito ruim se esse cara ganhar”. Assista abaixo:
O compositor ainda disse: “eu fico impressionado do povo brasileiro não prestar atenção nas evoluções humanas. Olha, eu não sei se isso aqui vai entrar em algum choque com a prefeitura, coisa e tal, mas é o meu sentimento de indignação em relação com o que pode acontecer com o Brasil”.
O cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo é autor de inúmeros sucessos da nossa música, entre eles “Dia Branco”, “Táxi Lunar”, “Caravana” entre muitos outros. Gravou discos com Alceu Valença, Elba Ramalho, Zé Ramalho. Com esles gravou a série de discos “O Grande Encontro”.
Durante a ditadura, Geraldo Azevedo integrava o grande grupo de artista que se opunham ao regime. Entre 1968 e 1969 participou de reuniões clandestinas no Teatro Gláucio Gil, ao lado de cineastas, roteiristas, atores e músicos. Nelas, conheceu Glauber Rocha, Walter Lima Junior, Caetano Veloso, entre outros. Geraldo ficou responsável por recolher assinaturas para o manifesto contra a censura.
Com informações do Brasil 247

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