Delegado ignorou hipótese pericial compatível com a versão da vítima, aponta advogada

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A defesa da jovem de Porto Alegre que teve uma suástica marcada em seu corpo divulgou à imprensa trechos do laudo feito após o exame de corpo de delito, sugerindo que o delegado do caso pode ter se antecipado ao afirmar que houve automutilação.
 
O laudo diz que a marca, por ter sido feito de maneira muito superficial, é "compatível" com automutilação, mas a perícia é incapaz de provar isso. Além disso, o símbolo nazista poderia ter sido talhado na pele por terceiros, se a jovem não tivesse oferecido resistência. O delegado tratou essa segunda hipótese como "consentimento" premeditado em seus depoimento na imprensa.
 
A advogada Gabriela Souza destacou o trecho em entrevista ao Correio Braziliense, divulgada na tarde desta quarta (24).
 
"As lesões verificadas apresentam, portanto, características compatíveis com as de lesões autoinflingidas, embora não haja, a partir exclusivamente dos resultados do exame de corpo de delito, elemento de convicção para se afirmar que efetivamente foram autoprovocadas", diz o laudo pericial.
 
"Nesse sentido, pode-se afirmar que as lesões foram produzidas: ou pela própria vítima ou por outro indivíduo com o consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade ou impedimento da vítima em esboçar reação", prossegue.
 
A advogada afirmou que quer a investigação concluída, indicando que falta análises de câmeras de segurança e de oitivas com os profissionais que atenderam a jovem.
 
Ao Correio, o delegado - que causou polêmica ao afirmar que a suástica desenhada era, em sua opinião, um símbolo budista - afirmou que a vítima poderia ter usado bijuteria para se automutilar. Ele ainda disse que ela tem problemas emocionais e toma remédios fortes.
 

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