Tijolaço: Bolsonaro, Alckmin e nanicos disputam uma eleição; Haddad/Lula, outra


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O Ibope diz que o antipetismo tem 30% dos eleitores.
É provável, mas é bom lembrar que o mesmo Ibope disse que o PT era o partido preferido por 29% dos eleitores.
Portanto, são elas por elas.
O que, convenhamos, é um milagre depois de anos de uma parede de mídia desabando sobre o partido de Lula e uma boa razão para crer que este “anti” está no teto ou perto dele.
É por essa faixa de eleitores largamente dominada por Jair Bolsonaro que brigam, encarniçadamente, Geraldo Alckmin, Marina Silva, Álvaro Dias e João Amoêdo, para ficar nos nanicos mais expressivos.
Ciro, volta e meia, também quis ciscar por aí, mas refluiu.

Basta saber aritmética para saber  que não há antipetismo bastante para tantos antipetistas  candidatos, por mais que alguma coisa somem com seus perfis pessoais.
E que o petismo criou um patamar natural da ordem de 30%, também, para Fernando Haddad.
É por isso que você vê dois tipos de campanha eleitoral na televisão, completamente diferentes.
Ou três, se considerar a campanha de Bolsonaro, que não tem espaços de TV.
Alckmin e Dias, numa campanha de ataque ao PT e a Bolsonaro que, segundo eles, facilitaria a vitória do PT. Marina e Amoêdo, com seus poucos segundos, contra os políticos em geral, com ênfase nos do PT.
Bolsonaro, com o discurso da autoridade e do voluntarismo, de que um presidente autoritário e sem pruridos em liberar o uso da força em nome da ordem vá resolver os males brasileiros, que seriam os corruptos, os vagabundos, os pobres, os preguiçosos, os negros, os gays, as feministas e o “Estado no cangote” do empresariado.
E deixam para Haddad, com o referendo das experiências vividas nos governos Lula, todas as propostas de políticas sociais, de afirmação de direitos, de recuperação da prosperidade. Mais ainda, a possibilidade de fazer uma campanha alegre, propositiva, de resgate da alegria perdida.
É evidente que Haddad ainda não chegou lá em cima por falta de informação e, nos estados do Sudeste, por conta da perda orgânica sofrida pelo PT, que sofreu com a degradação da política muito mais que os partidos de base fisiológica.
Mostrou-se ontem aqui que, ao menos até agora, não está havendo, ainda, deslocamento de votos em função de rejeição (46% de Bolsonaro e 30% de Haddad).
É possível, sim, que alguma ocorra na última semana da campanha, em função do “descolamento” dos dois líderes nas pesquisas.
Mas não tanta, porque cada um dos “outros” têm bem pouco a perder: um pouco mais Ciro (que se agarra numa “viabilidade”  supostamente maior contra Bolsonaro e Geraldo Alckmin, que se ancora na força do PSDB paulista, de onde vem metade dos 8% que atinge nas pesquisas.
Jair Bolsonaro e Haddad, não necessariamente nesta ordem, terão perto de 30% dos votos. Hoje,  há informações do tracking de um grande partido de que houve, pela primeira vez, a ultrapassagem numérica – não estatística –  do petista (que segue em alta) sobre o até agora líder das pesquisas, com viés de queda.
Ainda assim é provável que ambos vão, no segundo turno, somando 60% oi pouco mais, para disputar os perto de 40% que não se polarizaram.
E tudo indica que o lugar do “antipetismo” vai ser bem mais modesto do que o do antifascismo.

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