Tijolaço: Horror a pobre, mas não à pobreza

POR  · 24/08/2018


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A turma da elite já não duvida –  apenas resmunga, irritada- de que Lula esteja à frente – e cada vez mais à frente -das pesquisas presidenciais.
Entre rosnados e lamentos, culpam “os pobres”, “os nordestinos”, “os beneficiários do Bolsa Família”, os “grotões”, as “periferias”. Quando estão em conversas informais, se soltam mais: aí são os “favelados”, a “negrada”, os “vagabundos”…
Aqueles que nasceram para ser pobres eternamente, mesmo que os incomodem aos vidros fechados do carro e junquem as calçadas por onde passam ao saltar dele.

Serve-lhes qualquer candidato que possa iludir, já que Geraldo Alckmin não serviu, até Bolsonaro, o troglodita político.
Sua estratégia de campanha, para cumprir o rito formal da democracia, o do voto?
Eliminar Lula não basta.
É preciso que aquela malta não saiba quem é o seu candidato, tanto que Merval Pereira, aquele que quer tirar Lula das pesquisas, junto com Marina e Bolsonaro, pontifica, hoje, em O Globo:
Haddad, de acordo com a tendência majoritária do Tribunal Superior Eleitoral não poderá usar fotos e filmes sobre Lula em sua campanha, além de não ser autorizado a usar a máscara de Lula como vem fazendo nos comícios e carreatas.
O ex-presidente está proibido pela Justiça de gravar programas e dar entrevistas, e pode ser impedido de participar da campanha mesmo com imagens anteriores à prisão. Seria uma propaganda enganosa de um candidato que não está sub-judice, mas impugnado pela legislação eleitoral.
É o banimento (ou a tentativa de) de Lula, não apenas na presença física quanto, até mesmo, na imagem, no nome, na referência.
É aquele que não pode existir ou ter existido. Que tem de ser eliminado, uma vez que não podem ser eliminados os pobres que nele vêem sua esperança miúda.
Porque os pobres não podem existir, pode existir apenas a pobreza, que lhes permite serem os donos de tudo onde o povo não pode e não deve ser dono de nada: nem do petróleo, nem dos minérios, nem das terras infindas, nem de casas decentes, nem de boas escolas e hospitais, nem de direitos ao trabalho e a aposentadoria.
E nem do próprio voto.

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