Paul Craig Roberts: A censura na Internet já está imposta

Imagem e-Oaxaca
GGN - 09/08/2018

por Paul Craig Roberts

Título original: Apple, Google, Youtube, Facebook e Twitter subvertem a Constituição dos Estados Unidos, a liberdade de expressão, e a liberdade americana
Publicado em 07 de agosto de 2018 no site de Paul Craig Roberts
Traduzido por Ruben Bauer Naveira
O ataque coordenado [veja aqui em português, pelo portal G1] contra o blogueiro e ativista digital de InfoWars Alex Jones, por parte da Apple, Facebook, Google/Youtube e Spotify, é toda a prova que ainda nos faltava de que o fracasso absoluto quanto a se fazer cumprir as leis antitruste dos Estados Unidos acabou por produzir empresas poderosas e impuníveis, que estão aptas a exercer muito mais censura, não somente nos Estados Unidos mas tambémnos países vassalos de Washington, do que a Gestapo nazista ou o NKVD de Stalin jamais sonharam ter em mãos.

Recentemente, o progressista Rob Kall e eu debatemos no programa dele quanto às implicações de ter a Apple se tornado uma empresa de um trilhão de dólares. Um ou dois dias depois, Rob Kall escreveu um artigo no seu site OpEdNews no qual ele desenvolve o argumento de que uma empresa de um trilhão de dólares detém poder demais para a nossa continuidade enquanto um povo livre. Eu concordo com ele. Somente 16 países, de um total de 195 países no mundo, ou seja, meros 8%, possuem um PIB igual ou maior que um trilhão de dólares.
Pense sobre isto. A Apple é maior que o PIB de quase todos os países no mundo. Em outras palavras, a Apple detém poder equivalente ao de um poderoso governo. A Apple poderia ser um membro do G-20. A Apple poderia instituir sua própria moeda, e tomar parte dos direitos especiais de saque (SDR) detidos pelos países-membros do FMI. A Apple poderia participar como um financiador dos empréstimos do FMI ou do Banco Mundial. A Apple poderia ter suas próprias forças armadas e serviço secreto.
Nem bem Rob Kall havia postulado esse argumento e a Apple veio a comprová-lo, em ação conjunta com os demais monopólios do mundo digital – Google/Youtube, Spotify e Facebook: https://www.rt.com/usa/435259-infowars-ban-twitter-reacts/
Nos Estados Unidos praticamente tudo já foi monopolizado: o mundo digital; 90% da mídia impressa e televisiva pertencem a 5 ou 6 empresas; 90% dos depósitos bancários estão em 5 megabancos “grandes demais para falir” [too big to fail]; empresas como Walmart, Home Depot eLowes exterminaram as lojas familiares independentes e comunitárias; as franquias de autopeças liquidaram os negócios familiares no ramo; as franquias de restaurantes destruíram os restaurantes familiares; monopólios químicos, farmacêuticos, etc.Isso não tem fim. A monopolização da economia americana foi levada a cabo sob a rubrica do “globalismo”. O dogma é o de que você é incapaz de competir globalmente, se não for grande o suficiente para ser um monopólio ou quase-monopólio.
A revolução digital combinada com as políticas identitárias tornou fácil coagir a liberdade de expressão. Qualquer luz sobre assuntos que a elite dominante não quer que sejam mencionados, qualquer revelação de verdades que exponham agendas ocultas, é rotulada como “teoria da conspiração” ou como “discurso de ódio”, e silenciada. Esse monopólio é o que a Apple, o Facebook, o Google/Youtube e o Spotify exercem agora contra Alex Jones.
Alex é apenas o primeiro. Ele é ferino e, às vezes, passa do ponto. Mas ele traz para o centro das atenções assuntos que os poderes dominantes desejam manter nas sombras. Esta, e somente esta, é a razão para que a elite dominante esteja buscando calá-lo. A acusação de discurso de ódio não passa de uma farsa inventada.
O que a Apple, o Facebook e resto dessa Gestapo americana deixam transparecer é que a verdade é um discurso de ódio. Isso é o 1984 de George Orwell em estado puro.
Ludibriar o povo americano por meio da censura aos expositores de verdades é agora a política oficial da Apple, Google/Youtube, Facebook, Twitter e Spotify.
A mídia impressa e televisiva já demitiu todos os jornalistas de verdade, como Robert Perry, Chris Hedges e SyHersh. Agora que Alex Jones está sendo bloqueado na Internet, a determinação da elite para controlar todas as narrativas se espalhará pela Internet até que o último expositor de verdades tenha sido silenciado. É apenas uma questão de tempo.
De fato, a censura está rapidamente se expandindo. O Twitter acabou de banir a presença de Scott Horton que é diretor editorial do site AntiWar.com, e de Daniel McAdams que é diretor do libertário Ron Paul Institute: https://www.zerohedge.com/news/2018-08-07/crackdown-continues-twitter-suspends-libertarian-accounts-including-ron-paul
Tommy Robinson teve a sua página no Instagram removida:https://www.rt.com/uk/435312-tommy-robinson-instagram-ban/
O ex-oficial veterano do Departamento de Estado Peter Van Buren foi banido do Twitter, aparentemente por ter nos dito que as autoridades do governo mentem para nós.
As políticas identitárias, que ajudaram a impor códigos de fala e a formatar a categoria de “discurso de ódio”, por meio da qual qualquer membro de um “grupo vitimado” pode se insurgir contra homens brancos, é uma das fontes da censura que está destruindo a liberdade de expressão por todo o Ocidente. Entretanto, nos Estados Unidos, o maior impulso para a censura é o fato de que as agendas da elite dominante não são aceitáveis para o povo americano. As elites governantes temem que as suas narrativas de engodo sejam tão frágeis que até mesmo aqueles cerebralmente lavados acabarão por perceber a luz, se qualquer resíduo de verdade continuar a irradiar.
No mundo ocidental de hoje, nada está mais em perigo do que a verdade. Nenhuma instituição pública ou privada, seja a CIA, o FBI, o Departamento de “Justiça” (sic), o Facebook, a Apple, o Google, o Youtube, o Twitter, a CNN, o NationalPublic Radio, a Microsoft NBC, o New York Times ou o Washington Post, já não guarda mais absolutamente respeito nenhum pela verdade.
A verdade é uma pedra no caminho das agendas ocultas. As “imprenstitutas” [no original, presstitutes] servem às agendas ocultas, não à verdade.
Nada é menos bem-vindo nos sistemas políticos do Ocidente que a verdade. Ainda que os governos russo, chinês, norte-coreano, iraniano e indiano busquem acordos sem sentido com Washington, esses acordos, como o [acordo nuclear] iraniano, não têm nenhuma chance de serem honrados por Washington.
Washington busca exercer hegemonia sobre o mundo. Os neoconservadores que, juntamente com Israel com quem os neoconservadores estão solidamente aliados, controlam a política externa dos Estados Unidos, estão firmemente comprometidos com a hegemonia dos Estados Unidos sobre o mundo. Se os governos da Rússia, China, Irã, Índia e Coréia do Norte não entendem isto, eles estão procurando encrenca feia.
O que nós podemos fazer? Nunca mais comprar outro produto da Apple. Abandonar o Facebook, o Youtube, o Twitter e o Spotify. Encerrar todas as contas no Google e nunca mais usar o Google para buscar nada. Essas empresas são empresas da Gestapo nazista. Elas merecem a nossa condenação. Essas desprezíveis empresas deveriam ser nacionalizadas, ou extintas, ou incriminadas por colaborar no complô para depor o presidente dos Estados Unidos.
Elas são os agentes do mal.
Existem portais alternativos. Mude para eles, e apoie aqueles que se recusam a censurar a liberdade de expressão. Oxalá as ações antidemocráticas do Facebook, do Twitter e dos demais acabarão por destruir o seu modelo de negócios, e o seu lugar será ocupado por novas empresas que respeitem a proteção que a Constituição dá à liberdade de expressão.
São os americanos tão estúpidos que eles não veem aquilo que está se desenrolando diante dos seus próprios olhos? A nossa elite dominante tem agendas que não tem como assumir. Gente como Alex Jones expõe essas agendas. A elite dominante tem que fazer cessar essa exposição, então eles deturpam e demonizam Alex Jones. Aqueles cerebralmente lavados pelas políticas identitárias e pela mídia imprenstituta são manipulados e usados para instigar uma campanha contra Alex Jones, da mesma forma que foram usados contra o presidente Trump, Julian Assange, Snowden e tantos outros. De fato, o site PropOrNot [site de ativismo anti-Rússia, disfarçado de agência de checagem de fakenews] foi utilizado contra 200 sites de pensamento independente [episódio relatado aqui no GGN].
Uma vez que eles peguem Alex, a quem fizeram de alvo, eles farão de alvo todo o restante de nós, e toda verdade desaparecerá do mundo ocidental. De fato, a verdade tem uma presença escassa no mundo ocidental de hoje. As elites governantes não têm nenhum interesse na verdade. Em algum momento os russos, chineses, iranianos, indianos e norte-coreanos terão que se tornar conscientes desse fato.
Antes de você saltar estupidamentepara dentro do bonde anti-Alex Jones, assim como tantos americanos desavisadamente saltarão, relembre e reflita sobre a observação feita sobre os nazistas, naqueles tempos, pelo pastor luterano alemão Martin Niemoller:
“Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado —
Porque eu não era um socialista.
Então eles vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado —
Porque eu não era um sindicalista.
Então eles vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado —
     Porque eu não era um judeu.
Então eles vieram me buscar — e já não havia mais ninguém para protestar por mim.”
Desta vez, eles estão começando por Alex Jones.
Em breve seremos todos nós. A liberdade de expressão nos Estados Unidos, que é essencial para se buscar a verdade, está sendo sistematicamente exterminada. A ideia de que os Estados Unidos são um país livre é a maior mentira de todos os tempos.

N. do T.: Para os leitores que chegaram até o final deste artigo, fica a informação de que Alex Jones é um blogueiro de direita, detestado pela esquerda. A maior parte da esquerda nos Estados Unidos vêm se comprazendo com a perseguição a Jones, sem se dar conta de que Jones não passa de boi de piranha, balão de ensaio numa empreitada das elites dominantes (lá nos Estados Unidos e também aqui no Brasil)que se mostrará muito mais ampla: a de silenciar todas as vozes dissidentes – em especial as da esquerda.

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