Emir Sader: Votar no Lula é votar no Brasil

Stuckert
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por Emir Sader - no 247 - 23/08/2018

Há pessoas cuja biografia é um relato da sua trajetória individual. Há outras – muito poucas – cuja vida, por estar situada no olho do furacão de uma época e de um País – que se identifica com a própria nação onde ele vive.

É o caso do Lula, começando por ter nascido e crescido como uma expressão profundamente significativa de uma época histórica do Brasil. Nascido no Nordeste, a região mais pobre e relegada do País, emigrou para São Paulo, a região mais rica, para ser mão de obra da expansão econômica do capitalismo brasileiro. Desde criança seu destino esteve ligado ao destino do Brasil.

Conseguiu ser torneiro mecânico, profissão indispensável para o boom econômica da indústria automobilística brasileira, motor do ciclo expansivo da economia do País durante décadas e que, ao mesmo tempo, definia a ambição de consumo de amplas camadas da classe media em plena expansão.

Lula teve imbricada sua vida também com a ditadura militar. De operário a líder sindical, dali a dirigente político, até se tornar o principal líder político da esquerda brasileira, a dirigindo a construção do mais importante partido da esquerda brasileira, a candidato três vezes à presidência do Brasil, até chegar a ser o melhor presidente que o País já teve e o personagem mais importante da sua história.

Hoje, preso por processo arbitrário, Lula continua a expressar o drama que o Brasil vive da forma mais profunda. Sem liberdade, resultado do golpe que interrompeu o processo democrático brasileiro, que tinha permitido o Lula de se eleger e reeleger presidente, de eleger e reeleger sua sucessora na presidência do Brasil. Vítima do golpe, porque representa quem pode comandar a reversão dos enormes retrocessos de que o Brasil passou a ser vítima.

E favorito para ser eleito, uma vez mais, presidente do Brasil.

O voto no Lula não expressa apenas o voto na esquerda, o voto no PT. Representa o voto no Brasil, na medida em que representa exatamente o oposto do que o País se transformou com o governo golpista, que atua para reverter todas as conquistas realizadas sob a direção do Lula.

O ódio ao Brasil desse governo e das forcas de extrema direita que ajudaram à sua instalação, é o contraponto do amor ao Brasil do Lula. O desmonte do Estado brasileiro é o oposto do fortalecimento do Estado democrático que o Lula colocou em prática.

A vingança contra os direitos da grande maioria da população, pelo cortes drásticos e congelamento das políticas sociais é radicalmente o contrario do Lula fez e prega. A exclusão social que o Brasil vive agora é o contraponto do maior processo de inclusão social que o País tinha vivido com o Lula.

O desprestígio externo atua do Brasil é a imagem radicalmente oposta que o pais tinha adquirido com o Lula. A vergonha de ser brasileiro com o País do jeito que está é o contraponto do orgulho de ser brasileiro da época do Lula.

O favoritismo do Lula, mesmo preso, é o oposto da falta de apoio de todos os candidatos que representam o governo golpista. O Lula é o Brasil, o País que foi o mais desigual do mundo, o que mudou tanto que nos fez orgulhosos de ser brasileiros, o Brasil que sofre com o pior governo da sua história, o que detesta o povo, o pais, o Lula é a esperança de voltarmos a sorrir, de voltarmos a ser felizes.

Por isso votar no Lula é o dever de todo brasileiro, de todos os que se sentem vinculados a este pais, que gostam do Brasil, que sofrem quando o povo sofre. Votar no Lula é votar no povo, é votar na democracia, é votar no futuro, é votar no Brasil.

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