A Veja está “nervosa” e isso é bom sinal. Por Fernando Brito

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POR  · 24/08/2018

A falimentar Veja que vai às bancas amanhã é o retrato do pavor que tomou conta dos aprendizes de feiticeiro – dos quais ela é uma dos expoentes –  que produziram este impasse em que vive o  Brasil.
“Os quase cinco meses de prisão de Lula (…) não resultaram na perda de apoio ao petista. Ao contrário. E essa é uma das três teses correntes que as últimas pesquisas jogaram por terra. Até há bem pouco tempo, analistas afirmavam que, atrás das grades, Lula seria rapidamente esquecido pelo seu eleitorado, abrindo alas para o crescimento de Ciro Gomes ou Marina Silva. As coisas não transcorreram bem assim.”
Não mesmo, não é, “sabidos”?
A segunda tese “jogada por terra”  é o “murchamento de Bolsonaro”:

Do deputado federal e capitão da reserva, afirmava-se que repetiria a trajetória de candidatos que começam com bom desempenho nas pesquisas pré-­campanha mas se desidratam tão logo seus concorrentes põem o pé na estrada.(…)Os debates estavam revelando seu alarmante despreparo. Em alguns casos, ele nem sequer entendia as perguntas e respondia a elas enfileirando os bordões de sempre. Mesmo assim, com sua fidelíssima fatia de um quinto do eleitorado, Bolsonaro parece ter garantido presença no segundo turno (…)
A outra tese, da qual sempre discordei, apesar de ser a sustentada por muitos petistas, é a de que o segundo turno seria entre Alckmin, sobretudo depois de sua aliança com o “centrão” e quem viesse a ser o candidato de Lula, em função da insustentabilidade do candidato da extrema direita. Parece improvável, pois a Veja reconhece que:
(…)representantes do mercado financeiro, boa parte do qual se identifica com o tucano, parecem cada vez mais céticos sobre sua viabilidade eleitoral. Prova disso foi a recente disparada do dólar, que bateu em 4,12 reais no último dia 23, refletindo o temor de um segundo turno entre o petista Fernando Haddad e Bolsonaro. “Alckmin nunca foi favorito para ganhar esta eleição, e agora o mercado está começando a se dar conta disso. (…) afirma Silvio Cascione, analista da Eurasia.
A confissão do “mato sem cachorro” da direita não podia ser mais completa.
E, novamente, agarram-se à tábua de salvação que imaginam existir:
31% votariam em um candidato indicado por Lula. Mas contra o otimismo petista há o fato de que, com a candidatura ficcional de seu líder, o tempo correrá mais rápido para o PT(…) o entusiasmo diante dos números ostentados por Lula pode durar pouco. Permanece uma incógnita se o ex-presidente será capaz de transferir votos para Haddad. Oficialmente vice de Lula, o ex-prefeito de São Paulo tem apenas 4% nas pesquisas”
Como toda “reportagem” que não valoriza a informação, o “lead” – o fato mais importante – está no “pé” do texto: dizem que o TSE e o STF retardarão o máximo a negativa do registro de Lula – duvido fortemente disso – para fazer que se dificultasse a transferência de votos para Fernando Haddad.
O fato de a lei permitir que, enquanto sub-judice, Lula participasse da campanha, especialmente do horário eleitoral, é um detalhe desprezível: afinal, ele está preso e preso “não pode”, mesmo quando a lei brasileira não admita que alguém seja culpado antes do trânsito em julgado da sentença.
E, não podendo falar, não podendo dizer que é Haddad o seu candidato, se vier a ser impedido.
Isso, é óbvio, não se sustenta.
Apostar no silêncio, no bloqueio da informação, em pleno século 21, não é apenas autoritário e ditatorial. é burro.
Estão cavando a cova para si mesmos.
Ou, no caso da Veja, já dentro da cova que cavou a si mesma.
Até porque os consultórios médicos e dentários estão colocando cada vez mais redes wi-fi para seus clientes e tornando obsoleto aquele papelucho nas revisteiras.




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